Covid-19: apoio solidário de empresas e instituições

Empreendedores, como o Hospital do Telhal e outras instituições portuguesas, transformam as suas instalações e mobilizam os seus recursos para apoiar o SNS durante a pandemia do Covid-19.


Fachada Casa de Saúde do Telhal onde se vê o nome da instituição e o seu símbolo.
Uma das instituições Portuguesas que remodelou o seu espaço de forma a construir um hospital de campanha. Fotografia © Margarida Neto

Perante este contexto de pandemia causado pelo surto do novo corona vírus, e com o serviço nacional de saúde com dificuldades em fazer frente a todas as necessidades que se impõem, inúmeras empresas e instituições Portuguesas estão a reinventar-se e a adaptar as suas produções de forma a apoiar quem mais precisa.

Felizmente, é possível identificar inúmeras iniciativas que lutam de forma gratuita contra esta pandemia – desde empresas a produzir máscaras não cirúrgicas à mão, como a empresa do famoso designer Luís Onofre; outras que se dedicam a produzir desinfetantes que estão cada vez mais em falta, como é o caso Super Bock; e outras ainda a disponibilizarem espaços equipados com camas e material médico para que possam ser ocupados com o número crescente de doentes deste vírus, como é o caso do Hospital do Telhal.

Hospital de campanha da Casa de Saúde do Telhal

Este é um dos hospitais de campanha criados em Portugal como iniciativa de apoio ao SNS durante a pandemia. A Casa de Saúde do Telhal é um hospital psiquiátrico com cerca de 450 doentes internados e 250 funcionários.

Numa conversa com uma das responsáveis pela iniciativa de transformar este hospital num local para acolher doentes com Covid-19, Margarida Neto conta-nos como surgiu esta ideia. 

De acordo com a médica, um dos principais desafios que fez com que o Telhal tivesse que conceber um plano de contingência reforçado foi “o facto de os doentes mentais serem pessoas muito frágeis e vulneráveis e terem dificuldade em compreender o que se passa e a ter os cuidados preconizados para impedir o contágio pelo vírus. Não sabem o que é a distância social e não têm etiqueta no tossir ou espirrar.” Face a esta dificuldade, a instituição viu-se obrigada a tomar uma série de medidas de precaução, que atuaram como soluções para combater este problema, entre as quais:

  • os doentes ficaram confinados às suas unidades (com 50 doentes máximo);
  • as visitas de familiares foram limitadas;
  • foram controladas as entradas na instituição por parte de fornecedores;
  • reformularam os turnos de trabalho para turnos rotativos;
  • todos os funcionários tinham que medir a temperatura corporal duas vezes entre cada turno;
  • alguns funcionários ficaram hospedados no hospital para evitar entradas e saídas.

Margarida Neto refere que “a perspectiva é que continue assim”. A intenção é que as medidas continuem e, caso algum doente fique infectado, se consiga conter a situação.

Com o receio de que o vírus se propagasse dentro do Telhal, foi instalada uma unidade médica para receber os utentes infetados.

Era um salão vazio e está agora totalmente equipado.”

Interior de uma sala com várias camas ainda sem utentes e material médico.
Interior do Hospital de Campanha equipado com o material médico necessário. Fotografia © Margarida Neto
Folha de papel numa porta com um sinal amarelo e avisos para usar máscara cirúrgica dentro da instalação.
O hospital de campanha foi dividido por 3 áreas de acordo com o risco de contágio. Fotografia © Margarida Neto

O plano da criação do hospital de campanha dentro da instituição do Telhal  tinha como objetivo inicial dar resposta a possíveis casos de infeção que surgissem internamente, acolhendo os doentes de modo a ficarem isolados das outra unidades e a terem o acompanhamento necessário.

Como a entrevistada refere, todos trabalham a dobrar ou triplicar…

“O objetivo é proteger os nossos doentes. Sempre! Temos zero casos.” 

Com toda esta dedicação, e sem casos de infeção internos, a Casa de Saúde do Telhal decidiu utilizar os seus recursos para alargar o apoio aos infetados externos à instituição e não apenas aos utentes do Telhal. Esta instituição incorpora agora uma unidade totalmente equipada para amparar o SNS.

Álcool gel e máscaras de proteção: Superbock e Luís Onofre

Para além da Casa de saúde do Telhal, outras empresas de diversos setores reinventaram-se. Um desses casos é a  Super Bock, a marca de cerveja portuguesa, que aproveitou o álcool da sua produção para fabricar gel desinfetante de forma a poder distribuir por várias unidades hospitalares. Atualmente, já converteram cerca de 56.000 litros de álcool da produção de cerveja sem álcool em 14.000 litros de desinfetante.  A marca fez ainda uma homenagem aos médicos, enfermeiros e todos os profissionais de saúde, alterando o nome da sua cerveja sem álcool para “Super Doc.

Outra marca que se destacou no apoio ao profissionais de saúde foi a marca de sapatos e acessórios de Luís OnofreEsta marca aproveitou os recursos da sua produção para manufaturar máscaras não cirúrgicas. Estas máscaras foram distribuídas por profissionais de saúde de várias instituições como hospitais, clínicas de saúde locais, à Cruz Vermelha e a lares de idosos que acolhem os mais vulneráveis.  

Várias máscaras empilhadas em três conjuntos.
Luís Onofre produz máscaras não cirúrgias para fazer face à pandemia. Fotografia © Margarida Neto

Em suma, podemos ver como diversas instituições portuguesas, se mostraram empreendedores e se aliaram ao SNS demonstrando o seu carácter solidário perante esta pandemia.

Neste artigo mencionamos a Casa de Saúde do Telhal, a Superbock e o designer Luís Onofre, no entanto existem muitas mais a trabalhar para que Portugal consiga dizer com esperança e com convicção que “vai ficar tudo bem“.


Fotografia de capa: Imagem por Branimir Balogović, Unsplash licenciado por Unsplash Licence

Conteúdo produzido por: Ana Laura Lopes; Catarina Palma; Cláudia Varandas; Mafalda Machado; Margarida Filipe; Maria Inês Miranda; no ambito da disciplina Comunicação Digital da Licenciatura em Comunicação Social e Cultural.