Burnout académico e profissional: como saber se está a ultrapassar os seus limites?

Conciliar trabalho com estudos pode ser uma conquista, mas também um problema prestes a acontecer. Sabe identificar os sinais de burnout antes que seja tarde demais?

Estudante com dores de cabeça.
Hoje em dia, muitos trabalhadores-estudantes enfrentam níveis de cansaço extremos ao tentar conciliar estudos e trabalho. Imagem de Andrea Piacquadio via Pexels (licença CC0 – uso livre).

Está sempre cansado? Pode não ser só falta de sono.

Entre aulas, estágios, prazos e reuniões, muitos estudantes-trabalhadores vivem numa verdadeira corrida contra o tempo. Mas quando o cansaço deixa de ser pontual e se transforma numa exaustão constante, é essencial parar. O burnout não surge de um dia para o outro, instala-se aos poucos, de forma silenciosa.

O que é o burnout?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o burnout é um estado de exaustão física e emocional causado por stress crónico no contexto laboral ou académico. Não se trata apenas de estar “muito cansado”: é uma quebra geral de energia, motivação e bem-estar.

Sinais de alerta

É essencial reconhecer os sinais de alarme que o corpo e a mente nos dão quando estamos a ultrapassar os nossos limites. Segundo estudos da American Psychological Association (APA), os sintomas de burnout mais comuns incluem:

  • Sensação constante de esgotamento, tanto físico como emocional;
  • Dificuldades de concentração e de memória, que comprometem o rendimento;
  • Insónias ou sono pouco reparador, mesmo quando o corpo pede descanso;
  • Irritabilidade ou afastamento emocional, dificultando relações pessoais e profissionais;
  • Perda de interesse nas tarefas do dia a dia, mesmo em actividades antes motivadoras;
  • Queda de produtividade, mesmo com esforço contínuo e dedicação.

Caso se reveja em dois ou mais destes sinais, é importante parar e procurar apoio, ignorá-los pode trazer consequências sérias para a sua saúde mental e física.

Neste artigo, Saúde mental dos jovens: o papel da pressão escolar pode explorar como a dupla exigência entre trabalho e estudo afeta a saúde mental dos estudantes — uma realidade cada vez mais comum entre os jovens universitários

Estratégias para prevenir e lidar com o burnout

Evitar o burnout exige mais do que força de vontade, requer organização, limites claros e cuidado pessoal. Existem várias estratégias que podem ajudar a manter o equilíbrio entre vida académica, profissional e pessoal.

Uma das primeiras recomendações é criar rotinas realistas. Ferramentas digitais como o Google Calendar ou o Notion podem ser úteis para gerir o tempo e as tarefas do dia a dia, mas é essencial reservar momentos para pausas verdadeiras, que permitam descansar e recarregar energias.

Outro passo importante é estabelecer limites. Saber dizer “não” é também uma competência. Aceitar demasiadas responsabilidades, sem avaliar o tempo e a energia disponíveis, pode levar rapidamente ao esgotamento. É fundamental reconhecer os próprios limites e priorizar tarefas com realismo.

Além disso, é essencial procurar apoio. Conversar com orientadores, colegas ou psicólogos pode aliviar a pressão sentida e oferecer novas perspetivas. Partilhar aquilo que se sente, por mais simples que pareça, ajuda a aliviar o peso mental e emocional acumulado.

Por fim, cuidar de si é a base de tudo. Dormir bem, manter algum tipo de movimento físico (mesmo que seja uma caminhada curta) e adotar uma alimentação equilibrada contribuem para uma mente mais resistente e preparada para enfrentar os desafios diários.

Esta realidade é mais comum do que imagina

Muitos estudantes universitários enfrentam níveis de stress tão elevados que colocam em risco a sua saúde mental e a continuidade dos estudos. A experiência partilhada abaixo, recolhida com autorização no âmbito de uma iniciativa da FCH, dá voz a uma realidade sentida por muitos, mas nem sempre falada.

“No segundo ano da licenciatura, estava a trabalhar num call center e a fazer cadeiras exigentes. Dormia mal, chorava sem razão e perdi a motivação. Achei que estava fraca, mas era burnout. Só quando falei com um psicólogo percebi o que se passava.”
Carolina, 22 anos, estudante e trabalhadora
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Burnout não é sinal de fraqueza, é um aviso.

Ser trabalhador-estudante é um desafio diário. Mas ignorar os sinais de alerta pode ter consequências sérias. Prevenir o burnout é investir em si, na sua saúde e no seu futuro.

Partilhe este artigo com colegas que possam estar a sentir o mesmo. E lembre-se: equilibrar não é fazer tudo, é fazer o que importa com presença e consciência.

Imagem de capa: “Tired Student Sleeping on Books on Desk” de Mikhail Nilov, disponível em Pexels, sob licença CC0.


Conteúdo produzido por Marta Toscano, Matilde Ribeiro, Joana Cruzeiro e Sancha Galvão Teles no âmbito da disciplina de Comunicação digital da licenciatura de Comunicação Social e Cultural.