Fazer um gap year. Como e porquê?

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Parar um ano. Conhecer o mundo. Criar uma maior certeza sobre o futuro.  Ganhar experiência. Fazer voluntariado. Este é o sonho de muitos jovens. Há muitos que querem. Depois, há os que querem muito e realmente partem à aventura. Conheça o conceito de gap year pelas vozes de pessoas que ousaram vivê-lo.


 

Rita num passeio de mota no Myanmar durante o seu gap year
Rita Soares num passeio de mota no Myanmar durante o seu gap year (Imagem cedida por Rita Soares)

Acabei a licenciatura. E agora?

 “Não me restam dúvidas de que este ano me moldou bastante (na positiva!) tanto em termos pessoais como profissionais. Foi uma experiência que me ajudou a perceber que área queria seguir…”. Joana Porteiro, que decidiu sua área de especialização após vivenciar um gap year.

Fazer um gap year é fazer um ano de intervalo na vida quotidiana, onde os jovens normalmente optam por viajar, fazer voluntariado e estágios profissionais de modo a esclarecerem as suas dúvidas, ganharem experiência e desenvolverem soft skills.

Nos dias de hoje, muitos jovens quando acabam o secundário ou a licenciatura não têm certezas sobre qual deve ser o passo seguinte. É nesta fase que surge o gap year. Além de ser uma forma de ganhar ferramentas para se fazer uma escolha mais consciente sobre o futuro,  as empresas cada vez aplaudem mais os jovens que tenham realizado experiências no estrangeiro e tenham estado em contacto com diferentes culturas.  Daniel Traça, reitor da Nova SBE comprova-o, afirmando que o gap year “se enquadra perfeitamente na estratégia de experiential learning da Nova SBE e pretende enriquecer os alunos com novas perspetivas académicas, pessoais e profissionais”.

Joana Porteiro é um exemplo de que parar é, por vezes, a melhor opção. Atualmente, estudante de mestrado em Marketing Intelligence na Nova SBE e após ter terminado a licenciatura, decidiu enriquecer o seu currículo com um estágio internacional, através do programa INOV Contacto  (programa para jovens portugueses em que, apenas na fase final, se descobre o país e empresa de destino).

A mestranda recomenda fortemente a sua experiência: “Fui para Darmstadt, na Alemanha onde fiz seis meses de estágio na área de Business Development numa startup. Não me restam dúvidas de que este ano me moldou bastante (na positiva!) tanto em termos pessoais como profissionais. Foi uma experiência que me ajudou a perceber que área queria seguir e neste momento, estou a tirar mestrado na área que fiz o estágio e também a trabalhar na mesma.”

 

Joana no seu primeiro dia de estágio em Darmstadt, Alemanha
Joana no seu primeiro dia de estágio em Darmstadt, Alemanha (imagem cedida por Joana Porteiro)

Como tornar o sonho possível

“Poupámos durante um ano, colocámos dinheiro numa conta em que não mexíamos e cortámos naqueles gastos desnecessários como cafés, álcool, lanches e jantares fora de casa”, Relata Tiago, explicando como tornou o gap year um sonho possível.

A ideia que o gap year é apenas para quem tem grandes possibilidades monetárias tem vindo a mudar. Tiago, empregado de escritório e Joana, enfermeira, são a prova disso. Cansados da rotina e ansiosos de uma aventura diferente, decidiram poupar e viajam à meses com a mochila às costas sem grandes luxos. 

O casal relata: “Poupámos durante um ano, colocámos dinheiro numa conta em que não mexíamos e cortámos naqueles gastos desnecessários como cafés, álcool, lanches e jantares fora de casa.  Temos feito couchsurfing (dormir no sofá de outra pessoa gratuitamente)  e andamos à boleia sempre que conseguimos. Em Goa, por exemplo, ficámos num hostel que valoriza bastante o significado de ‘comunidade’ e a troca de tarefas diárias, não é necessário pagar dormida. Em Amritsar ficámos a dormir no Golden Temple, onde não existe pagamento de dormida nem de refeições, apenas existe a obrigação de ajudar nas atividades da cantina comunitária. Vamos sabendo destes sítios através da Internet, outros blogs e sites de viagens ou através das pessoas com quem falamos.”

 

Tiago e Joana no seu primeiro dia no Paquistão
Tiago e Joana no seu primeiro dia no Paquistão (imagem cedida por Tiago Pinho)

Rita Soares, como muitos jovens, sempre sonhou em fazer um gap year e ajudar quem mais precisa. Sempre sonhou em viajar e conhecer o mundo. Rita fez um gap year de 7 meses onde visitou 7 países e fez várias ações de voluntariado: “Dei aulas de inglês no Camboja e no Vietname, fiz voluntariado numa quinta nas montanhas de Chiang Mai e também com elefantes na Tailândia.”

Rita conseguiu realizar o seu gap year por ter ganho 5.000 euros ao ter ganho o concurso da associação da Gap Year Portugal, que oferece ao candidato que apresentar o melhor planeamento de gap year uma bolsa de 5.000€ (candidatura individual) ou de 6.500€  (candidatura dupla) para o poder pôr em prática.

Quero fazer um gap year. Quem me pode ajudar?

“O gap year é o momento de diferenciação para os jovens, o momento de pausa que premite refletir em propósitos e objetivos, vivenciar e adquirir as cada vez mais importantes soft skils” reforça João Pedro Carvalho, Presidente da Associação Gap Year Portugal.

A associação Gap Year Portugal, criada em 2013 por Gonçalo Azevedo Silva, luta para que fazer um gap year seja uma opção tão normal como ir para a Universidade ou para o mundo laboral.  A associação ajuda quem queira realizar um gap year com informações e dicas, sem nenhum tipo de custo associado.  João Pedro Carvalho, presidente da associação afirma que fazer um ano de pausa é muitas vezes o “vip pass” para a entrada dos jovens no mercado de trabalho e uma experiência que faz os jovens destacarem-se:  “Acreditamos que o gap year é o momento de diferenciação para os jovens, o momento de pausa que premite refletir em propósitos e objectivos, vivenciar e adquirir as cada vez mais importantes soft skills. Ou seja, menos jovens a desistir do ensino superior, mais activos na sociedade, menor taxa de desemprego jovem e melhores profissionais.”

Para mais informações sobre como fazer um gap year, consultar o site da associação www.gapyear.pt 

 


Conteúdo produzido por Cristiana Reis, Beatriz Cardoso, João Cardoso no âmbito da disciplina de Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.