Óscares entregues, 91ª edição analisada em pormenor. Entre funcionários e alunos, foram inquiridas 120 pessoas da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica e os resultados comparados com a entrega dos prémios. Confira as confirmações e surpresas a seguir.
O Digital Hub foi ao campus da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa investigar o que as pessoas acharam da 91ª edição dos Óscares. Conheça agora quem, na perspectiva da nossa comunidade, deviam ter sido os verdadeiros vencedores da noite.
Quem opinou
Os resultados dos Óscares são sempre cercados de um intenso debate. Não é raro constatar-se a emergência de uma corrente política materializada na atribuição dos prémios. E o que pensará o público a esse respeito? Em busca de um olhar mais isento, foram escolhidas aleatoriamente 120 pessoas da UCP, para dar as suas opiniões sobre os vencedores das categorias mais relevantes.
Desse total de 120, foram 33 do sexo masculino e 87 do sexo feminino, todos alunos ou funcionários da Universidade Católica Portuguesa e ligados às ciências Sociais e Humanas. Vale salientar que todos os estudantes inquiridos frequentam o Curso de Comunicação Social e Cultural, dos quais se pode esperar uma análise mais apropriada do tema Cinema. Esses jovens compuseram a maior parte dos entrevistados (66,7%).
Quem assistiu
O ponto de partida era saber quem assistiu aos Óscares em direto e quem estava familiarizado com os resultados decorrentes da gala. Afinal, a premiação é transmitida em horas de consumo extraordinário, considerando a realidade Portuguesa. O interesse do grupo vai assim tão longe? Pois apesar de este ser um tema que suscitasse algum interesse (83,3% estava a par dos resultados), mais de metade não assistiu à gala.
As premiações mais importantes
Deve haver quem acompanha os Óscares para saber quem ganhará o prémio de melhor edição de som, mas convenhamos, aqueles que não são tão ligados ao cariz técnico querem mesmo saber quem ganhará as estatuetas de melhor filme, melhor(es) actor e actriz principal, melhor(es) actor e actriz secundários, melhor filme de língua estrangeira, melhor filme adaptado, melhor filme original e melhor realizador. Vamos a elas!
Em relação à categoria principal dos Óscares, melhor filme (best Picture), o vencedor foi Green Book, de Peter Farrelly, um desconhecido realizador norte-Americano. A história da crescente amizade entre Don Shirley (Mahershala Ali) e Tony Vallelonga (Viggo Mortensen) num clima assumidamente racista que se vivia nos EUA cativou o grande público e também os inquiridos (51,7%) responderam que este filme devia ter ganho o Óscar. Logo em segundo lugar, está o filme biográfico dos Queen “Bohemian Rhapsody“.
Em relação ao melhor actor principal não houve qualquer dúvida. O Vencedor, tanto na academia, como nos resultados obtidos foi Rami Malek com a sua estrondosa interpretação do incontornável vocalista dos Queen, Freddie Mercury. Mais de metade das pessoas inquiridas responderam afirmativamente à consagração do actor como o melhor principal do ano transacto.
A senda manteve-se na atribuição do melhor actor secundário. Para a academia foi Mahershala Ali, para os sondados também, com 73 votos (correspondentes a 60,8%). No que à actriz principal diz respeito, manteve-se a sintonia entre a academia e os votantes. Olivia Colman de “A favorita” arrecadou o Óscar e o coração dos membros da FCH. 48,3% foi o número de votos arrecadado pela actriz inglesa.
A primeira discórdia comparativa surgiu na atribuição do papel de melhor actriz secundária. Este prémio foi entregue à actriz Regina King pela sua comovente interpretação no romance “Se esta rua falasse”. Os membros da FCH, porém, votaram (51,7%) no sentido de o papel ser entregue a Emma Stone, pelo seu papel em “A Favorita”, onde fez de tudo para agradar Olivia Colman, não sendo muito bem-sucedida, ao contrário do que aconteceu com os corações do público.
Em relação a melhor argumento original, arrecadado por Green Book, ao melhor argumento adaptado, conquistado por Spike Lee e pela sua equipa por BlakkKlansman, e ao melhor filme estrangeiro, cujo galardão foi para Alfonso Cuarón e o seu filme Roma, podemos dizer ter havido conformidade entre as escolhas da academia e as escolhas dos alunos e funcionários da FCH.
Por último, a escolha de melhor realizador recaiu sobre Alfonso Cuarón, que levou a estatueta para casa. No espectro FCH, Alfonso Cuarón recebeu, a par de Spike Lee o maior número de votos, apesar de, de forma surpreendente, a resposta “não sei” ter sido muito escolhida, recolhendo mais de 22% dos votos. Isto pode dever-se a vários factores, sendo o principal, o desconhecimento técnico da realização de um filme por parte dos interrogados.
O que podemos concluir
Sendo a FCH uma faculdade com uma abordagem bastante teórica, não é de admirar que a opinião dos alunos mais informados na área seja na maioria dos casos muito semelhant.
A intenção de voto, mesmo numa faculdade com uma vertente para a área, vai no sentido do que o inquirido mais gostou, não da forma como analisou os filmes em questão, apenas se estes lhes disseram alguma coisa enquanto espectador.
Podemos concluir que o resultado dos Óscares foram algo sem grande polémica este ano, pois considerando a amostra de 120 pessoas vs atribuição da estatueta, 8 em 10 das categorias estabeleceram um paralelismo na intenção de voto.
Contudo não podemos descurar o facto de a sondagem ter sido realizada após a atribuição dos vencedores, o que pode ter tido algum peso na contribuição dos inquiridos.
Por outro lado, a predominância de uma faixa etária entre os 18-25 anos pode ter algum peso na análise, visto que se considerarmos a realidade dos Óscares, pouco provavelmente encontraremos alguém no júri com essa idade. No nosso caso, e com o factor de aproximação dos resultados a ser elevado, é de salutar que jovens desta idade tenham uma percepção tão fidedigna do que são filmes de qualidade, actores de qualidade e temas interessantes.
A contribuição de todos foi de extrema importância na desmistificação do assunto “fraude” no que toca à atribuição dos Óscares, relevando-se a importância do estudo para os resultados obtidos.
Conteúdo produzido por: Afonso Cabral, Alexandra Neves, Catarina Mendes e Teresa Branquinho da Fonseca, no âmbito da UC de Comunicação Digital da licenciatura de Comunicação Social e Cultural.