Formação de treinadores de futebol em Portugal

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Futebol, formação, treinadores: palavras que cada vez mais são associadas a Portugal. Conheça as razões que Rute Sarmento, CEO da Sapienta Sports – que promove cursos de Treinador grau I – associa ao facto de o treinador Português ser, atualmente, dos mais cobiçados em nível mundial.


José Mourinho no campo
O último clube de José Mourinho foi o Manchester United. (Credits: “Mourinho directs his troops” by Ronnie Macdonald, Flickr is licensed under CC BY 2.0)

Desde o início do século que Portugal tem lançado muitos nomes para o futebol internacional. Desde Carlos Queiroz (adjunto de Sir Alex Ferguson no Manchester United e depois treinador principal do Real Madrid) que se seguiram muitos casos de sucesso, tendo José Mourinho confirmado a crescente presença do treinador português no mundo. A que se deveu afinal esta mudança de paradigma? Para responder pedimos a Rute Sarmento, CEO da Sapienta Sports, que nos falasse sobre o assunto. A Sapienta é responsável pela formação de treinadores, tendo neste momento aberto o curso de grau 1, num total de 4 graus que podem classificar o treinador em Portugal. Os cursos são levados a cabo em parceria com o IPDJ.

“A formação em Portugal foi-se especializando e hoje em dia temos treinadores muito mais preparados que há 20 anos. Antigamente os cursos de treinador eram realizados numa semana, e por isso mesmo é que tínhamos uma predominância no treinador ex-jogador.” Rute Sarmento, CEO da Sapienta Sports

“Hoje em dia isso já não se verifica tanto. Os cursos estão mais virados para o formando, dando-se-lhe todas as condições que ele precisa para uma carreira de sucesso”. Segundo Rute, “a organização dos cursos é determinante para o sucesso do treinador”.

Existem várias organizações responsáveis pela formação de treinadores: as associações de futebol locais, em parceria com a FPF, e organizações privadas, onde se insere a Sapienta. Todas apresentam o mesmo plano curricular e garantem ao formando, em caso de sucesso, uma credenciação da Federação que lhes garante poder actuar em palco nacionais. Porém, estas instituições privadas não são ainda reconhecidas pela UEFA, o que impede aos treinadores que projectem o seu trabalho no estrangeiro.

Sobre o curso, a directora defende a elevada taxa de sucesso com dois motivos: “o interesse dos alunos e na qualidade dos formadores. Temos uma taxa de sucesso de mais de 96%, e as desistências ou não graduação devem-se maioritariamente a problemas pessoais do que propriamente ao insucesso na aprendizagem. Estou a falar de alunos que desistem do curso passadas pouco mais de duas semanas do começo do mesmo”.

Estima-se que haja cerca de 20 mil alunos espalhados pelo país a formarem-se nos cursos que abriram este ano. O curso tem a duração de 1 ano e meio:

  • Componente geral (transversal a todos os cursos de treinador de todas as modalidades desportivas),
  • Componente específica (aplicada à especificidade da modalidade em questão, neste caso o futebol).
  • Estágio correspondente a uma época desportiva. Neste estágio o formando tem de ter um tutor (creditado com no mínimo curso de grau II) que lhe orienta o estágio e é responsável pela atribuição de metade da sua nota nesse período. A outra metade é dada por um relatório de estágio a cargo do próprio estagiário.
Estádio da Luz
Bruno Lage, treinador do Benfica, é produto desta formação de treinadores. (Credits: “Estádio da Luz” by Filipe Fortes, Flickr is licensed under CC BY-SA 2.0)

Na era dos meta-dados e da análise quantitativa, os cursos de treinador pretendem sistematizar o processo de treino.

Os treinadores estão cada vez mais preparados, têm cada vez equipas maiores a analisar consigo todos os pormenores associados à sua equipa, desde a alimentação, às horas de sono, passando pela prevenção e gestão das lesões, ou da simples análise de dados relativamente a parâmetros técnicos ou táticos. O treinador hoje em dia tem de estar mais preparado para tudo, e é isso que se tem feito com muita qualidade em Portugal.

“O treinador Português está muito bem cotado. Temos treinadores em França, em Inglaterra, em Espanha. Nas principais ligas europeias. Alguma coisa tem de andar a ser bem feita.” Rute Sarmento, CEO da Sapienta Sports

Em jeito de remate final, Rute Sarmento lembra que “As pessoas olham para o plano curricular português como um caso de sucesso. Acredita-se que todos os anos pode sair daqui um novo Mourinho, um treinador a dar cartas internacionalmente”.


Conteúdo produzido por:  Afonso Cabral, Alexandra Neves, Catarina Mendes e Teresa Branquinho da Fonseca, no âmbito da UC de Comunicação Digital da licenciatura de Comunicação Social e Cultural.