Guterres na ONU: uma onda de mudança

António Guterres, eleito para o cargo de Secretário-Geral da ONU, tomará posse no primeiro dia de 2017. Analisámos o percurso de Guterres até à chegada ao cargo, com o testemunho do Professor José Miguel Sardica em entrevista.


António Guterres
António Guterres a discursar após o regresso da sua visita a Burkina Faso, em 2012, devido à questão dos refugiados.
CC BY-ND 2.0 / Flickr /
United States Mission Geneva

Criada a 1945, mas pensada por Roosevelt em 1941, com o propósito de reoganizar e recuperar o mundo do pós-Segunda Guerra mundial a Organização das Nações Unidas nasce com 51 Estados-membros. Esta organização intragovernamental, que tem hoje 193 Estados-membros,  tem como principio básico preservar a paz, a segurança e a cooperação entre as nações. Desde  a sua fundação que promete “preservar as gerações vindoras do flagelo da guerra”, “reafirmar a nossa fé(…) nos direitos fundamentais do homem”. Paz, tolerância, segurança e progresso são palavras de ordem da organização que se tornam cada vez mais necessárias nos dias de hoje. Numa entrevista realizada a José Miguel Sardica, historiador e Professor associado da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, afirma que “o nosso século XXI constitui uma era de incerteza, marcada por uma nova e ameaçadora (des)ordem mundial, a ONU é mais necessária do que nunca.”

Quase a chegar ao final de 2016, este ano continua a ser marcado pelos sucessivos ataques terroristas em território europeu e internacional, e também pela crise de refugiados. Os ataques terroristas tornaram 2016 um ano negro. A ONU, já em 2015 , declarou que todos os países deveriam combater o terrorismo, não só contra o Estado Islâmico, mas também contra Al-Qaeda e Front el-Nosra. Todos os dias milhares de pessoas escapam ao terror vivido nos seus países com o desejo de obter uma vida melhor. A Europa viu entrar no seu território, desde o ano passado, cerca de um milhão de refugiados. Sendo a ONU um árbitro de relações internacionais, tem meios para atuar nesta questão. Fá-lo através do ACNUR, que teve como Alto Comissário, desde 2005, o Engenheiro António Guterres.

logótipo ONU
Logótipo da Organização das Nações Unidas.
CC0 /Wikimedia Commons / Wilfried Huss – Anonymous

António Manuel de Oliveira Guterres nasce em Santos o velho em Lisboa a 30 de Abril de 1949. É engenheiro e político e, atualmente, assume o cargo de Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, tornando-se assim o nono Secretário-Geral das nações unidas. “Guterres tem (…), uma vida inteira de agenda social, por assim dizer, desde a militância dos tempos de juventude e de universidade em várias organizações sociais católicas, até uma carreira política em que a postura humanista, inclusiva, dialogante, foi a sua marca. Neste sentido, é compreensível o orgulho que o povo português já que” a função de Secretário-Geral é o topo da hierarquia das Nações Unidas e porque a ONU é mundial e não europeia”, como sustenta J.M. Sardica.

A ONU tem um papel essencial na actualidade em relação às questões humanitárias , questões essas a quais o seu novo secretário geral está ligado desde a vida universitária. Foi no dia 12 de Dezembro de 2016 que Guterres fez o seu juramento, e nele indica que “A ONU nasceu da guerra, temos que estar aqui para a paz“. Afirmou ainda que o nosso dever “é trabalharmos juntos para passarmos de ter medo uns dos outros, para confiar uns nos outros.”


Conteúdo produzido por Joana Borges, Joana Ferreira, Joana Pinheiro, Maria Saraiva e Isabel Núncio, no âmbito da disciplina Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.