Uma feira que nasce mensalmente entre os edíficios dos Anjos é sempre um bom plano para o fim-de-semana. Ouve-se música e ânimo já antes de entrar, as vozes dos visitantes a falarem alegremente, basta entrar que logo nos deparamos com um armazém amplo e luminoso, repleto de cores, materiais, objetos e sobretudo, boa disposição, bem-vindos aos Anjos70.
Como começou…
Foi em 2012 que a Feira dos Anjos, originalmente conhecida como Feira das Almas, começou a ganhar fama em Lisboa, era também conhecido como Taberna das Almas pois disponibilizava bebidas e comida, para além disso era anfitriã de concertos, ensaios de teatro, ciclos de cinema, entre muitas outras atividades.
Em 2017 ganhou o seu nome atual de Anjos70, manteve a sua identidade e também os seus hábitos, desde a organização de palestras a aulas de yoga e ensaios teatrais, mas ficou maioritariamente conhecido devido aos mercados que ainda hoje organiza mensalmente.
Durante a pandemia, a fundadora da original Feira das Almas, Catarina Querido, abandonou o núcleo que geria o espaço, os membros restantes mudaram o nome para Núcleo A70. Na mesma altura, ficou-se a saber, sem qualquer aviso prévio, que o prédio tinha sido vendido pelo proprietário.
“Entrámos em 2022 com uma notícia boa: vamos continuar o Mercado no Regueirão dos Anjos. A data de saída do edifício ainda não é definitva, pelo que o Mercado continuará a acontecer duas vezes por mês (primeiro e terceiro fim de semana) .”
Publicação do projeto partilhada a dia 5 de janeiro
Enquanto ainda utilizam o espaço original, estão a trabalhar em simultaneo com a Junta de Freguesia de Arroios para tentar encontrar um espaço alternativo na mesma zona.
Importância do Vintage
A variedade de oferta de roupa, acessórios e objetos vintage e segunda mão presentes no mercado apelam para um estilo de vida mais amigável para o ambiente e sobretudo, contra a fast fashion.
Mas o que é que é a fast fashion?
A fast fashion refere-se a roupas de baixa qualidade e barata produzidas em massa que acabam por ter efeitos nefastos no ambiente. A roupa fast fashion atraí o cliente pelos seus preços e também porque são modernas, inspiradas nos looks que se vêem nas catwalks. Contudo acabam por se estragar ou gastar rapidamente pois não foram feitas para durar já que as trends da moda estão constantemente a mudar, desta forma são rapidamente descartadas pelos compradores e acabam empilhadas em aterros.
Porquê adotar roupa vintage?
As peças são únicas e raras, o que faz a sua procura empolgante, o sentimento de ter uma peça de roupa que não é fabricada há décadas é incomparável, acaba por elevar todo o look de uma pessoa. Para além disso, a roupa vintage é de melhor qualidade que a roupa vendida nas lojas de retalho, até porque há alguns anos, a roupa vendida era feita para durar anos e anos e não apenas uns meses. Reciclar e reutilizar roupa vintage já é por si um comportamento consciente e que tem em consideração o ambiente, mas para além disso, garante um produto de alta qualidade, único, original e sobretudo raro, comprar vintage e em segunda-mão desencoraja as atitudes consumistas e sobretudo retira o poder à indústria téxtil de massa e fast fashion, tudo por um preço acessível.
Entre as várias bancadas, destaca-se a Boudoir Thrifts, loja de artigos e roupa vintage e deadstock
“No que toca ao vintage, em geral as pessoas que cá vêem já estão integradas no lifestyle do vintage, mas de vez em quando temos pessoas que nunca tinham comprado antes e que acabam por gostar imenso da raridade dos artigos, acho que é isso que os atraí mais.”
Mais que o vintage
Para além da vasta seleção de roupa vintage, o mercado também dispõe de outras coisas como prints de arte gráfica ou de fotografias, produtos artesanais, objetos e artigos biológicos como amaciadores sólidos ou oleos essenciais, bijuteria e maquilhagem. Conta-se muito com a presença de pequenos negócios já lançados no Instagram por exemplo, é o caso da Pindericos, loja de Instagram criada por Laura, de 21 anos:
“Já fui à feira dos Anjos70 duas vezes no último ano e gostei imenso! Para além disso, a exposição que a presença na feira me dá ajudou imenso o desenvolvimento da minha página, trouxe-me mais abertura. E é sempre bom poder conhecer o cliente cara a cara, explicar com mais detalhe as peças que crio, em vez de ser sempre tudo por Instagram.”
A verdade é que, quem passa por perto do local, nem suspeita a presença desta feira mensal, mas aqueles que se aventuram pelas ruas do bairro e desemparam-se com ela acabam por ceder ao ambiente convidativo. O projeto dos Anjos70 prepara-se atualmente para se despedir do espaço original, portanto é uma boa altura para visitar a feira antes que se desloquem para outro lado.
Créditos da fotografia de capa: ©Anjos70
Conteúdo produzido por Camila Mignon, Frederico Cannas, Margarida Oleiro, Maria Andrade, Maria do Carmo Macedo e Cunha e Francisca Campos, no âmbito da disciplina de Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.