Na passada sexta feira, 9 de dezembro, assistimos à peça “A Incrível Fábrica dos Oceanos”, em cena no Casino de Lisboa até dia 4 de fevereiro, numa parceria da produtora Plano6 com o Oceanário de Lisboa.
Destinado a crianças, embora não exclua públicos diferentes, o espetáculo, produzido pela parceria entre a produtora Plano6 e o Oceanário de Lisboa, retrata a atualidade portuguesa no que toca aos oceanos. A palavra poluição é conceito-chave na obra, que aposta nas gerações futuras para contrariar esta tendência e construir uma solução.
O teatro conta a história de um menino chamado Vasco que, na companhia de Pat, bióloga marinha, tem a missão de proteger e salvar os oceanos. Ao descobrirem a Incrível Fábrica dos Oceanos, que procura estabelecer a ordem natural dos oceanos, os protagonistas envolvem-se numa série de peripécias enquanto correm contra o tempo, numa tentativa de evitar a desregulação das marés.
O espetáculo pretende alertar para a tomada de consciência dos efeitos negativos de problemas como a alteração das correntes e as mudanças climatéricas, representando-os através da chegada dos pinguins Joaquim e Joaquina a Portugal.
Tivemos a oportunidade de falar com os atores, beneficiando de perspetivas diferentes daquelas de quem assiste à peça.
Maria Lalande, uma das atrizes do elenco, evidencia não só a importância da temática, enquanto formadora de conhecimento, mas também a exigência da mesma em termos teatrais:
“Acho que é uma temática muito importante porque nós próprios (atores) não sabíamos que Portugal tinha tanto mar e a ideia é criar novos conhecimentos para que estes jovens, quando tiverem 18 anos e tirarem o seu curso, pensarem que podem apostar nos oceanos e nos mares porque nós temos um território marítimo muito vasto”.
“Desde a primeira leitura, a produtora, Ana Rangel, que também escreveu o texto, preparou-nos logo para o primeiro ensaio em que nos mostrou um mapa desse tal território marítimo e também tivemos algumas reuniões com algumas pessoas do oceanário a explicarem-nos algumas coisas. (…) O trabalho do ator também é um trabalho de pesquisa”.
Vânia Naia, que dá corpo a Pat, confessou-nos a responsabilidade que sente ao fazer parte de uma peça que trata uma causa ambiental e que exige tanta pesquisa de informação,
“De uma certa forma ficámos mais sensibilizados com esta questão e tivemos de reunir algum material. Durante os ensaios tivemos a visita das biólogas que nos acompanharam neste espetáculo, deram-nos dicas, transmitiram-nos muitos conhecimentos.”
Daniel Santos, ator que interpreta a Manta, releva a preponderância da complementaridade entre as escolas e o teatro no processo educação cívica das crianças, acrescentando que, para quem interpreta a peça, a responsabilidade sentida é algo prazeroso.
“Os artistas querem sempre dizer algo pertinente e darem-nos a oportunidade de o fazer em palco e de fazer parte de um movimento que influencia muito o planeta é um privilégio. É prazeroso ver que alguém aprendeu alguma coisa com o espetáculo, especialmente as crianças. A meu ver, é importantíssimo que elas venham ver estes espetáculos e que os professores façam o resto do trabalho.”
José Lobo, ator que interpreta a personagem Vasco, alerta para a relevância de redefinir o publico alvo do espetáculo, caracterizando-o enquanto “infanto-juvenil”, numa alusão à transversalidade do mesmo.
“No sentido cultural e abrangente, penso que infantil é muito no passado teatral, depois passou a ser infanto-juvenil e agora voltamos ao infantil. Para mim este espetáculo é ideal para miúdos e graúdos. É um tema que faz refletir toda a gente (…)”
Fernanda Paulo, atriz que dá vida à pinguim Joaquina, foca o seu discurso no caráter decisivo da educação das crianças, considerando-as o garante da sustentabilidade ambiental.
“Acho que fazer teatro é sempre uma grande responsabilidade, a cultura é uma forma de entreter e transmitir informação, de formar. Pessoalmente, penso que a solução para a humanidade está na formação das crianças, são o nosso futuro e a única maneira de chamarmos a atenção para os problemas do planeta”.
O espetáculo “A Incrível Fábrica dos Oceanos”, encontra-se em cena até ao dia 4 de Fevereiro, no auditório dos Oceanos, no Casino Lisboa, mudando-se depois para o auditório da Exponor, no Porto, de 6 a 17 de Fevereiro, com ingressos a 10 euros.
Conteúdo produzido por: Adriana Sabido, Catarina Jorge, Inês Calderón, João Vasco Morais e Miguel Vaz Gonçalves, no âmbito da UC de Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.