Cultura “cruelty-free”: marcas de cosmética que não testam em animais

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O rótulo cruelty-free, aplicado a produtos que não são testados em animais, tem vindo a ganhar expansão e desenvolvimento no mercado mundial. Cada vez mais a sociedade se encontra consciencializada dos direitos dos animais e, por esse mesmo motivo, os produtos cruelty-free têm registado grande procura e adesão por parte dos seus consumidores.


Coelho a ser segurado por uma pessoa
Coelho, símbolo do movimento cruelty-free contra o teste de produtos em animais (Photo by William Daigneault on Unsplash)

A Cruelty Free International, a principal organização de defesa de políticas cruelty-free, trabalha no sentido de abolir todas as experiências realizadas em animais em todo o mundo. A instituição acredita que não existe qualquer justificação ética para usar animais em testes e, por isso, atribui certificados de produtos “cruelty-free” a produtos livres destas práticas laboratoriais, atribuindo o símbolo de um coelho.

O teste de produtos em animais consiste em forçar animais vivos a experimentar produtos que lhes causam dor, sofrimento, angústia e até mesmo danos permanentes. Geralmente, no final do processo de experimentação em laboratórios científicos, estes animais são abatidos. Por esta razão, a Cruelty Free International e várias outras organizações trabalham para abolir estes testes, protegendo os direitos dos animais usados em laboratório.

Atualmente e segundo a associação People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), mais de 40 marcas já se associaram a esta causa, produzindo e vendendo produtos cruelty-free, entre eles:

Um caso particular de sucesso de uma marca cruelty-free é a The Body Shop. Esta marca inglesa, pertencente à L’Oreal, comercializa produtos cosméticos, de beleza, e perfumes e foi fundada em 1976 por Anita Roddick. A criadora começou por vender champôs, cremes e loções para corpo e rosto, usando receitas caseiras. Em março de 1976 abre a sua primeira loja para vender produtos naturais. A marca rapidamente cresce, com uma oferta de produtos ecológicos, naturais e com um fator determinante: produtos não testados em animais. A expansão internacional começou em 1978 e o sucesso foi tão grande que as suas lojas rapidamente se alastraram e, em 1990, cria-se a The Body Shop Foundation para apoiar projetos ambientais e de direitos humanos.

A marca é atualmente líder mundial de cosméticos, pelos seus produtos ecológicos e defende cinco valores inalteráveis: os produtos não são testados em animais; as matérias-primas são obtidas através do comércio justo com as comunidades, nos quatro cantos do mundo; a defesa dos direitos humanos; a valorização da auto-estima; e a proteção do planeta.

Outro caso de uma marca de sucesso e bastante famosa no mercado de produtos de cosmética é a NYX Cosmetics. A marca, subsidiada também pela L’Oreal, foi fundada por Toni Ko em 1999 em Los Angeles.  A empresa tem políticas de cruelty-free e leva-as bastante a sério enquanto um dos valores fundamentais e de identidade da marca. Mesmo depois da aquisição em 2014 por parte da L’Oreal, que testa em animais, a NYX manteve-se fiel a este conceito. Para além de produtos cruelty-free, a NYX produz artigos vegan. A diferença está no facto de que os produtos vegan não usarem produtos de origem animal, enquanto o conceito cruelty-free tem que ver com uma recusa dos testes em animais.

Smartphone com foto de Instagram
Renata Vieira, colaboradora da NYX, afirma que os clientes têm uma preocupação crescente pelas políticas cruelty-free dos produtos

Renata Vieira, colaboradora da marca, descreve a experiência de trabalhar para esta marca como algo extraordinário e revela que sente orgulho em estar ligada para uma entidade com valores e práticas tão humanas e amigas do ambiente. Renata acrescenta: “Sim, sem dúvida. Cada vez o mais o cliente tem em conta esse tipo de causas.”, revelando que estas práticas têm implicações positivas nas vendas dos produtos.

Os produtos cruelty-free têm demonstrado uma tendência de crescimento. Num mundo em que cada vez mais o meio ambiente e a natureza têm sido alvo de preocupação, é necessária uma consciencialização massiva das empresas e uma fiel adoção de medidas como esta. O consumidor está cada vez mais atento à dimensão ética dos animais, o que leva a uma procura crescente de produtos e marcas que vão ao encontro da defesa dos seus direitos. Desta forma, os mercados nacional e internacional têm investido cada vez mais em políticas e práticas cruelty-free, sustentáveis para o meio ambiente.


Conteúdo produzido por Bárbara Nunes, Carolina Alves, Mary Neves e Sofia Rodrigues, no âmbito da disciplina da UC da Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural e Línguas Estrangeiras Aplicadas.