O rótulo cruelty-free, aplicado a produtos que não são testados em animais, tem vindo a ganhar expansão e desenvolvimento no mercado mundial. Cada vez mais a sociedade se encontra consciencializada dos direitos dos animais e, por esse mesmo motivo, os produtos cruelty-free têm registado grande procura e adesão por parte dos seus consumidores.
A Cruelty Free International, a principal organização de defesa de políticas cruelty-free, trabalha no sentido de abolir todas as experiências realizadas em animais em todo o mundo. A instituição acredita que não existe qualquer justificação ética para usar animais em testes e, por isso, atribui certificados de produtos “cruelty-free” a produtos livres destas práticas laboratoriais, atribuindo o símbolo de um coelho.
O teste de produtos em animais consiste em forçar animais vivos a experimentar produtos que lhes causam dor, sofrimento, angústia e até mesmo danos permanentes. Geralmente, no final do processo de experimentação em laboratórios científicos, estes animais são abatidos. Por esta razão, a Cruelty Free International e várias outras organizações trabalham para abolir estes testes, protegendo os direitos dos animais usados em laboratório.
Atualmente e segundo a associação People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), mais de 40 marcas já se associaram a esta causa, produzindo e vendendo produtos cruelty-free, entre eles:
Um caso particular de sucesso de uma marca cruelty-free é a The Body Shop. Esta marca inglesa, pertencente à L’Oreal, comercializa produtos cosméticos, de beleza, e perfumes e foi fundada em 1976 por Anita Roddick. A criadora começou por vender champôs, cremes e loções para corpo e rosto, usando receitas caseiras. Em março de 1976 abre a sua primeira loja para vender produtos naturais. A marca rapidamente cresce, com uma oferta de produtos ecológicos, naturais e com um fator determinante: produtos não testados em animais. A expansão internacional começou em 1978 e o sucesso foi tão grande que as suas lojas rapidamente se alastraram e, em 1990, cria-se a The Body Shop Foundation para apoiar projetos ambientais e de direitos humanos.
A marca é atualmente líder mundial de cosméticos, pelos seus produtos ecológicos e defende cinco valores inalteráveis: os produtos não são testados em animais; as matérias-primas são obtidas através do comércio justo com as comunidades, nos quatro cantos do mundo; a defesa dos direitos humanos; a valorização da auto-estima; e a proteção do planeta.
Outro caso de uma marca de sucesso e bastante famosa no mercado de produtos de cosmética é a NYX Cosmetics. A marca, subsidiada também pela L’Oreal, foi fundada por Toni Ko em 1999 em Los Angeles. A empresa tem políticas de cruelty-free e leva-as bastante a sério enquanto um dos valores fundamentais e de identidade da marca. Mesmo depois da aquisição em 2014 por parte da L’Oreal, que testa em animais, a NYX manteve-se fiel a este conceito. Para além de produtos cruelty-free, a NYX produz artigos vegan. A diferença está no facto de que os produtos vegan não usarem produtos de origem animal, enquanto o conceito cruelty-free tem que ver com uma recusa dos testes em animais.
Renata Vieira, colaboradora da marca, descreve a experiência de trabalhar para esta marca como algo extraordinário e revela que sente orgulho em estar ligada para uma entidade com valores e práticas tão humanas e amigas do ambiente. Renata acrescenta: “Sim, sem dúvida. Cada vez o mais o cliente tem em conta esse tipo de causas.”, revelando que estas práticas têm implicações positivas nas vendas dos produtos.
Os produtos cruelty-free têm demonstrado uma tendência de crescimento. Num mundo em que cada vez mais o meio ambiente e a natureza têm sido alvo de preocupação, é necessária uma consciencialização massiva das empresas e uma fiel adoção de medidas como esta. O consumidor está cada vez mais atento à dimensão ética dos animais, o que leva a uma procura crescente de produtos e marcas que vão ao encontro da defesa dos seus direitos. Desta forma, os mercados nacional e internacional têm investido cada vez mais em políticas e práticas cruelty-free, sustentáveis para o meio ambiente.
Conteúdo produzido por Bárbara Nunes, Carolina Alves, Mary Neves e Sofia Rodrigues, no âmbito da disciplina da UC da Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural e Línguas Estrangeiras Aplicadas.