Explicações: indústria anteriormente em expansão é interrompida pela pandemia provocada pela COVID-19 em todo o mundo. Aprendizagem dos alunos durante este período foi afetada e muitos recorreram às explicações como auxílio ao estudo.
Profissionais de saúde revelam preocupação relativamente aos adolescentes, especialmente no que concerne os seus hábitos alimentares e a sua estabilidade emocional. Os professores questionam-se sobre a eficácia do ensino à distância. Agora, com o levantamento das restrições, os jovens não só têm a justificação de necessitar de explicações por motivos de falta de compreensão nas aulas, como também pela matéria perdida nas aulas online.
O apoio extracurricular é procurado por jovens devido a várias componentes. Desde falta de ajuda por parte dos seus progenitores, até enquanto local onde os pais deixam os filhos quando não há disponibilidade de os mesmos irem para casa. No entanto, esta ajuda particular geralmente oscila as notas dos estudantes, distinguido os alunos que pagam para ter apoio, dos alunos que não têm essa oportunidade. Manuela Mendonça, presidente do Conselho Nacional da FENPROF (Federação Nacional dos Professores) , afirma ao Diário de Notícias que
“O setor das explicações vive à custa do desinvestimento na escola pública e que acentua as desigualdades entre alunos, já que aqueles que podem, pagam para melhorar uma décima que pode ser decisiva para o ingresso na Universidade”.
O sistema de explicações não só é desequilibrado para os alunos, como também para os profissionais que lecionam as aulas. A maioria dos explicadores privados, que dão explicações nas suas casas, não passam recibos. Em comparação, apenas uma reduzida parte dos alunos frequenta centros de estudo, o que resulta numa desvantagem para os professores do ensino público. Paula Carqueja, presidente de Associação Nacional de Professores, opina sobre tal aspeto ao DN.
“Se deveria haver explicadores? Não deveria. Deveríamos sim ter capacidade para dar resposta a todos os alunos, e estou a falar também nas diferentes necessidades dos grandes centros urbanos e dos meios rurais”, afirma. Por outro lado, refere que os centros de explicações “são um palco de conforto para os pais, saber que os meninos saem da escola e estão com alguém que lhe dá a mesma confiança que lhe dá a escola e os seus professores, que estão protegidos e que têm quem os apoie nos trabalhos de casa.”
Contudo, enquanto os profissionais do ensino público expressam tais opiniões, há outras visões sobre o tema. Francisca Ordaz, tem 21 anos e é estudante e explicadora de matemática. A história do seu empreendimento passa pelo desafio deixado por alguns pais que a incentivaram a começar o projeto, uma vez que, realiza explicações autonomamente a um grupo de alunos do 6º e 10º anos. Francisca afirma que estas explicações não se deveriam tornar uma peça-chave porque se tornaria numa “muleta” para muitos alunos, acreditando também que o mercado ainda tem espaço para crescer e evoluir.
Posto isto, há um ponto comum entre a opinião de Manuela Mendonça e Paula Carqueja com Francisca Ordaz: acreditam que a maior motivação dos explicadores privados é a recompensação monetária e o privilégio de tal apoio privado. Os principais desafios do empreendimento passam pelo facto de ser facilmente substituído por outras foras de auxílio aos jovens alunos. Efetivamente, quando questionada sobre se vê as explicações como forma de assegurar o bom aproveitamento escolar dos jovens, impedindo que estes desanimem, desistam dos cursos/escola, e fazendo com que vejam na educação uma mais-valia para a vida em sociedade e exercício pleno da cidadania, Francisca responde
“Sinto que, no meu caso, não é assim tão profundo. Os alunos a quem eu dou explicações são bastante privilegiados e acho que se não lhes desse explicações eles acabariam por ou ter outros explicadores ou arranjar recursos na própria escola.”
Excesso de matéria nos currículos das disciplinas leva alunos a necessitar de apoio extra, e com a afluência de jovens a frequentar o sistema de ensino, consecutivamente, os planos para o futuro do empreendimento passam pelo aumento do número de explicações e a expansão do negócio.
Fotografia de capa: Cottonnbro por Pexels.
Conteúdo produzido por Ana Rita Miranda, Beatriz Fonseca, Henrique Fernandes, Margarida Gomes e Margarida Pereira, no âmbito da disciplina Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.