Feminismo e as TIC

A evolução do movimento feminista, ao longo do tempo, não parou no século XXI. A mais recente corrente de pensadoras feministas mantém a sua coesão, sobretudo, através das tecnologias de informação. Desta forma, correntes de pensamento difundem-se mais facilmente e alcançam diferentes países, incluindo Portugal.


Apresentadoras de televisão
Iva Domingues e Rita Ferro Rodrigues, as caras da associação Capazes.
RTP, Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)

As fases do movimento feminista, que surgiram nos anos 60 e anos 90, chegam agora  ao que é chamado de  quarta vaga do movimento. De acordo Jennifer Baumgardner, ativista americana, esta fase é caracterizada por ser mais inclusiva, abordando temas como direitos reprodutivos, atenção à moda plus-size,  pessoas transgénero e outras temáticas relacionadas também com a sexualidade. Kira Cochrane, editora do jornal inglês The Guardian, afirma que esta nova corrente é caracterizada pela sua vertente tecnológica, capaz de interligar todas as feministas, como refere num artigo.

Um célebre exemplo português começou com uma página chamada ‘Maria Capaz’. O projeto foi estreado em 2014 e apresentado por Rita Ferro Rodrigues e Iva Domingues. Inicialmente, a página tinha o objetivo de reafirmar a importância do papel feminino, assim como dar visibilidade a diversas facetas da mulher portuguesa. Atualmente, o mesmo projeto de nome Capazes é considerado uma associação. Esta mudança do projeto contou com uma alteração completa de cronistas, design e endereço de página na internet. Entre os vários objetivos estão a promoção da igualdade de género e defesa dos direitos da mulher. Neste sentido, a associação promove diversos programas, colabora com entidades públicas e contribui para mudanças legislativas.

Outros blogues portugueses, como Vaginamente e Feministas sem fronteiras, pretendem abordar discussões relevantes para o movimento. Caracterizam-se pela sua abordagem ao desconstrutivismo social, ou seja, pretendem análise da sociedade e todos os aspetos dela tidos como adquiridos.

Igualmente, o Bloco de Esquerda, o único partido político que se auto-intitula como um partido feminista, chama atenção para debates legislativos que se circunscrevem à luta pelos direitos das mulheres, numa plataforma online que dispõem chamada Esquerda.net.

Miguel Ângelo, militante do Bloco de Esquerda e feminista, afirma que “As tecnologias de informação são uma excelente ferramenta no que toca ao movimento feminista. No entanto, a maior parte das páginas portugueses, como a Maria Capaz, abordam um diferente tipo de feminismo. Um que parece ser mais estatuto que crença, sendo feministas de ocasião porque está na moda. Um termo recente para essa corrente é White Feminism.”

Como exemplos, Ângelo menciona a “desconstrução dos padrões de beleza feminina, que oprimem as mulheres de diversas formas. Uma mulher bela é sempre branca, magra e de cabelo liso. Que é de outras mulheres com diferentes atributos?” acrescentando, de seguida, a importância do partido para o movimento: “O Bloco pretende difundir melhor o movimento feminista.  Fazemos política em nome de tudo o que é feminino com a intenção de mostrar que esta área não é apenas para homens. Temos também o objectivo de aumentar a paridade representativa na Assembleia da República.” 

Com a proliferação das tecnologias de informação, o feminismo tem ganho o seu espaço de discussão em blogues e plataformas que não eram reconhecidas a  nível nacional nas décadas iniciais da internet O contacto imediato com realidades estrangeiras tem proporcionado inspiração às pessoas de nacionalidade portuguesa de forma a pensarem de forma crítica na sociedade. Tal tem acontecido através de blogues e páginas na internet, cuja popularidade parece continuar a crescer.


Conteúdo produzido por: Miguel Gomes, Grigore Oprea e Camille Le Gal, no âmbito da UC de Comunicação Digital das licenciaturas em Comunicação Social e Cultural e Línguas Estrangeiras Aplicadas.