O folar de carnes, para crentes e não crentes, aquece o estômago desde o início de primavera. Afinal, a Páscoa é quando o Homem quiser. Feche os olhos à dieta e delicie-se com esta fotogaleria.
É feito com farinha, ovos , azeite e várias carnes – e é o protagonista da Páscoa em Trás-Os-Montes, estamos a falar, claro, do folar salgado. Reza a tradição que em dia de Páscoa todas as casas do norte do país tenham de o ter na mesa. Mas, o desejo por esta quadra, ou por esta iguaria, é tanto que começam a confecioná-lo desde o início da primavera. O que terá o folar de carnes para se ter tornado intemporal e satisfazer estômagos mesmo depois da Páscoa ?
As carnes que recheiam a massa são variadas, desde a chouriço, ao presunto, ao toucinho. O folar é cozido em fornos de lenha, e é feito com azeite e margarina vegetal, o que o torna mais “saudável”. A maioria das casas da aldeia de Terroso, distrito de Bragança, confecciona os seus próprios folares. Mãos enrugadas e cheias de sabedoria amassam o que irá dar corpo a este bolo. Todos salientam o mesmo em relação ao seu produto, “é tudo caseiro”. As carnes colocadas em monte entre as rodelas de massa são fruto dos animais que levaram um ano a criar, “até o presunto é caseiro”, vinca a “Avó Judite” enquanto compõe as formas, acredita que este é o segredo do sucesso.
A “Avó Judite” faz folares desde pequena, assim como também o saboreia. Hoje, vende alguns e distribui por entes-queridos como forma de amor. Assim que começa a primavera faz as primeiras fornadas. É com nostalgia que confessa “o folar de carne lembra-me memórias antigas, bons momentos em comunidade e em família.”. O folar antes de ser um doce pascal fazia parte dos rituais pré-cristãos e começa a ser feito assim que o equinócio de Primavera tinha início. Em termos mais históricos e simbólicos, o falor transmontano entende-se como uma representação da importância do ciclo do porco e do fumeiro para a zona de Trás-os-Montes.
Seja como for, a verdade é que ficámos refens deste sabor salgado do folar. Páscoa é folar, um alimento para o corpo e para alma. Viaje com o palar e não se esqueça de comer uma fatia de folar transmontano.
Conteúdo produzido por: Joana Serralheiro, Maria Beatriz Rocha, Marisa Ferreira e Raquel Rodrigues no âmbito da UC de Comunicação Digital da Licenciatura em Comunicação Social e Cultural.