Guilherme Geirinhas: o novo fenómeno do humor

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Guilherme Geirinhas é um dos humoristas mais reconhecidos no panorama nacional, atualmente. É autor de conteúdos para as redes sociais, entre as quais Facebook, Twitter e Instagram, contando já com mais de 160 mil seguidores, e faz espetáculos de stand-up comedy.


Guilherme Geirinhas
Publicação de Guilherme Geirinhas referente à série “La Casa de Papel”, da Netflix. © Guilherme Geirinhas

Em 2014, iniciou a sua carreira como humorista no projeto de sketch-comedy Bumerangue, no Youtube, juntamente com Carlos Coutinho Vilhena, Manuel Cardoso e Pedro Teixeira da Mota.

Entre 2014 e 2016, trabalhou como copywriter na BAR Lisboa, considerada uma das melhores agências de publicidade portuguesa. Foi nesse período que ganhou por duas vezes a medalha de ouro na competição de jovens criativos Young Lions Portugal, que o levou a representar Portugal no Festival de Cannes, em 2015 e 2016.

Em 2017, atuou em palcos como o Nos Alive e Famous Fest, tendo também já criado conteúdos para marcas como a Google, Sagres, Renault, EDP, entre outras. Fomos falar com o Guilherme para conhecer um pouco melhor o seu percurso.

Stand-up comedy de Guilherme Geirinhas.
Espetáculo de stand-up comedy de Guilherme Geirinhas. © Guilherme Geirinhas

FCH: Como é que tudo começou?

Guilherme Geirinhas (GG): Sempre fui escrevendo. Tive blogues, fiz cursos de escrita criativa e sempre gostei de comédia. O “clique” deu-se quando criei Twitter. Criei por brincadeira mas o número de seguidores começou a crescer rapidamente (para a data, em 2012, ganhar 12 seguidores num dia já era bom). O Twitter é uma ótima ferramenta de humor porque com o seu limite de caracteres obriga-nos a ter uma enorme capacidade de síntese. Funciona com um laboratório onde um criador de conteúdos pode testar o seu material.

FCH: Onde é que vai buscar inspiração para a criação de conteúdos?

GG: Eu acredito mais no trabalho do que em talento ou inspiração. A inspiração poderá vir daquilo que consumimos. Do que lemos, do que vemos, do que comemos, do que ouvimos, de onde vamos, de com quem nos damos. O resultado final será uma articulação de tudo isso. Ainda mais nesta profissão, onde o humor é fruto da observação.

FCH: Em que medida é que as redes sociais ajudaram a divulgar o seu trabalho?

GG: As redes sociais amplificam aquilo que podemos dizer. Se não houvesse Instagram, Facebook, Youtube, Twitter, o que fosse, eu teria de ir para o Rossio com um megafone contar piadas. Também existe a televisão, já lá tive projetos mas a liberdade para criar os conteúdos nunca é a mesma que online. Da mesma forma que as redes ajudam, também podem ser prejudiciais, na medida em que estamos a falar para uma plateia maior. Falar para mais gente exige o dobro da responsabilidade naquilo que dizemos.

FCH: Como é que consegue conciliar os estudos com os espetáculos e a criação de conteúdos?

GG: Hoje em dia já não estudo. Imagina um triângulo com 3 vértices – humor, vida social e sono. Um humorista mediano conseguirá aplicar 33% do seu tempo a cada um. Um humorista bom terá de prescindir de um deles. Um humorista muito bom terá de viver quase exclusivamente para o único vértice que lhe interessa: o humor.

FCH: Que temáticas gosta mais de abordar nos seus conteúdos? Porquê?

GG: Falo sobre aquilo que vivo. Porque tenho mais condições para falar sobre aquilo que conheço. Uma vez perguntaram-me porque é que fazia piadas sobre o NOS Alive se depois ia para lá. É precisamente por isso: por ir ao NOS Alive e compreender o que lá acontece que me dá condições para falar sobre isso. Não vou escrever sobre a reprodução dos antílopes porque nunca fiz um safari no Quénia.

Guilherme Geirinhas: Redes Sociais.
Conteúdo produzido por Guilherme Geirinhas acerca das redes sociais. © Guilherme Geirinhas

FCH: O que é que que o diferencia dos outros comediantes?

GG: Talvez por ter um background académico em Economia e Gestão e por ter estado dois anos e meio a trabalhar em publicidade, tenho uma abordagem mais estratégica e “marketeira” da comédia. A comédia não é apenas escrever umas piadas, exige estratégias de posicionamento, conceção de ideias e outras palavras difíceis. A minha vantagem competitiva em relação aos meus concorrentes é conseguir antecipar aquilo que o mercado quer.

FCH: É possível viver do mundo da comédia?

GG:cada vez mais gente a consumir humor. É só abrir a Netflix para ver quantos especiais de comédia vão lá parar por dia. É um mercado como os outros. Se trabalhares, é possível. Eu tenho conseguido.

Foto de capa: © Guilherme Geirinhas


Conteúdo produzido por: Catarina Jesus, Catarina Penedo, Filipa Branco, Joana Alves e Joana Sancho, no âmbito da UC de Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.