Maquilhagem devia integrar o campo das 7 artes mundiais, porque conta histórias e expressa emoções. É este o olhar de Raquel Jorge, estudante de Comunicação Social que cada vez mais se foca no Youtube e na sua perícia para a maquilhagem. Para além dessa rede social, o Instagram é também onde Raquel partilha as suas obras de arte. Conheça agora seu trabalho inovador!
O seu perfecionismo, necessidade de agradar o público e de se superar a si mesma fizeram com que este projeto, que lhe é tão querido, nascesse.
O projeto a que é atribuído tanto sucesso chama-se “Maquilhagens que contam histórias”. Foi em Macau que este nasceu e é em Portugal que o mesmo continua. Durante os meses de Erasmus que realizou na Ásia e após ter conhecido aqueles que rapidamente se viriam a tornar as suas “telas humanas”, a jovem de 20 anos, quis contar algumas histórias de vida e algumas das problemáticas com as quais hoje em dia nos deparamos através da sua paixão: a maquilhagem.
À conversa com a Raquel, tentámos perceber algumas das histórias que anseia tanto contar. A primeira “tela humana” é Marcelo:
“A esta tela dei-lhe o nome de (Pre)Conceito. Pintei apenas metade da cara do Marcelo. Com isto quis apenas mostrar a máscara que os jovens pertencentes à comunidade LGBT são quase obrigados a colocar todos os dias. Sempre ouvi comentários que diziam que maquilhagem é só aceitável se forem as mulheres a usarem. E se não for? E se criarmos um novo conceito? E se tentarmos mudar mentalidades? Nesta sociedade de tanto conflito de opiniões creio em algo como desmistificar os rótulos. Basta de se esconderem!”
Raquel Jorge
Ao falar de uma outra história, que vai ao encontro da anterior, a maquilhadora explica mais uma vez o seu desejo de mudar mentalidades com o seu trabalho. Explicou-nos mais sobre este projeto que causa, no mínimo, curiosidade:
“Apesar de a explicação ser idêntica à história anterior, a Armadura é a minha tela favorita. Decidi usar, para além da maquilhagem, um objeto que causasse impacto: pioneses. Foi a forma que encontrei que melhor retrata uma armadura, e custa pensar que algumas pessoas precisam de colocá-la todos os dias para se protegerem e defenderem de diversas situações. Neste caso, o João é homossexual, e, para além disso, o tom da sua pele é escuro, combinação que nos dias de hoje ainda é descriminada em muitos países, principalmente no Brasil. Foi daí que surgiu a ideia. Esta é uma folha que nunca poderá ser rasgada do meu livro de histórias. Não espero mudar o mundo, como é óbvio, mas se mudar uma opinião que seja, já me dou por satisfeita.”
Raquel Jorge
A ajuda da sua equipa profissional foi imprescindível para que o resultado fosse o que está diante dos nossos olhos. Apesar desta equipa ter pensado maioritariamente em causas sociais, Raquel ambiciona também retratar e alertar para alguns problemas ambientais. Contou-nos então o que simboliza para ela a próxima história:
“A mãe Natureza é algo tão puro, com tanta luz. Ou melhor, é cada vez menos. Hoje em dia, nós, seres humanos, temos vindo a destruir aquela que é a nossa casa. Apesar de existirem pessoas, empresas e instituições que lutam para tentar mudar isso dia após dia, o uso do plástico – e a poluição no geral – não deixa de invadir os oceanos, de matar animais, de matar o planeta no geral. Foi exatamente isso que quis exprimir nesta tela. A Natureza é a Margarida, que fez um excelente trabalho, tal como todas as outras telas humanas.”
Raquel Jorge
Raquel Jorge promete continuar a criar Maquilhagens com História e a desenvolver outros projectos com a finalidade de mudar mentalidades. E deixa o desafio para que, também nós, lutemos contra o preconceito em todas as suas formas.
Fotos cedidas por Raquel Jorge, criadora do projeto e Gonçalo Oliveira, fotografo do projeto.
Conteúdo produzido por Ana Rita Reis, Mariana Duarte Calado, Raquel Jorge, Sara Pereira e Teresa Domingues, no âmbito da disciplina de Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.