Confinamento é sinónimo de adaptação e os estudantes são grande prova disso. Enquanto uns se ajustaram rapidamente ao novo método de ensino, outros sofrem cada vez mais de ansiedade e stress devido à incerteza que se vive nestes dias. Descubra como o impacto da pandemia se está a refletir nos estudantes e que formas arranjaram para a ultrapassar neste semestre cheio de desafios.
SER ESTUDANTE EM TEMPOS DE PANDEMIA
O último semestre pôs à prova todos os estudantes, obrigando-os a adaptar-se a um modelo de ensino completamente diferente daquele a que estavam habituados. A gestão de tempo entre trabalho e lazer, novos métodos de avaliação, e aulas à distância confinados nas suas casas, fazem parte dos desafios que afetaram psicologicamente os estudantes nesta quarentena.
Para compreender melhor o que sentem os alunos, entrevistámos a psicóloga e professora universitária Vera Monteiro que afirma como o confinamento não só leva a um isolamento físico, como social e ainda, à solidão.
“Nas últimas semanas tenho sentido os estudantes mais distantes, pouco proativos, respondem a questões apenas quando lhes são diretamente dirigidas. Há um certo isolamento social e o mais grave é que o estudante fá-lo por escolha própria. Com o avançar do tempo de confinamento o seu estado emocional tem-se alterado bastante, particularmente ao nível da ansiedade e tensão e especialmente devido às avaliações finais que se aproximam.” – Psicóloga Vera Monteiro
Sugestões da psicóloga Vera Monteiro para combater a ansiedade/stress:
- Interage com amigos e família mais próximos de ti.
- Ouve-te! Dá mais atenção a ti, faz coisas que gostes.
- Tem paciência… isto é temporário, não te foques só nos aspetos negativos.
- Sê tolerante.
ALUNOS SOBRECARREGADOS
A maioria dos estudantes inquiridos revelaram que sentiam ansiedade e stress, especialmente com a próxima época de exames. Preocupados com as avaliações, temem que esta adaptação ao ensino virtual os possa prejudicar academicamente. Referem-se ainda a uma maior exigência dos testes online, à sobrecarga de avaliações e falta de motivação e concentração nas aulas à distância. Tudo isto se agrava por estarem confinados em casa e não poderem sair para as suas atividades de lazer e convívio a que estão habituados.
“Reconheço o esforço e a dedicação dos docentes, mas sinto que não é totalmente funcional. É difícil manter a concentração.” – Estudante anónimo
Essas foram as constatações do questionário promovido pelo Digital Hub, dirigido exclusivamente a estudantes, que confirmaram a perspetiva de Vera Monteiro. Anonimamente, quando questionado sobre o seu estado perante a atual situação de Covid-19, um aluno referiu “Com alguma ansiedade e medo do que poderá acontecer. Contudo, no geral vou levando um dia de cada vez e com calma”.
O FIM DO SEMESTRE
Com o aproximar dos últimos elementos de avaliação e o fim do semestre, é normal que os alunos se comecem a sentir ansiosos e com a necessidade de obter respostas e esclarecimentos. Tivemos também a oportunidade de conversar com a psicóloga, coach e especialista em mindfulness, Mariana Ribeiro, que afirma que para reduzir o stress é importante manter a rotina, mesmo estando em casa. Refere ainda que se deve fazer algo que promova o bem-estar pelo menos uma vez por dia.
A NECESSIDADE DE DESCONFINAMENTO
O processo de desconfinamento já começou, ainda que com receios e muitas restrições. É preciso seguir em frente e procurar perceber o que podemos e devemos fazer. A psicóloga Mariana afirma que “Todo este processo deve ser feito, acima de tudo com consciência. O desconfinamento também é uma forma de cuidar sem ser necessário tocar. Vamos pensar no todo para que mais tarde possamos voltar a pensar nas partes que o constituem.”
No questionário, os alunos pronunciam-se relativamente ao que devemos fazer no processo de desconfinamento e sugerem: “Redobrar os cuidados de desinfeção para que não tenhamos de enfrentar uma segunda vaga” ou “Seguir as recomendações da DGS e ter em atenção principalmente as pessoas de grupos de risco”. Alguns mantém a esperança e defendem que é importante manter atividades como o exercício físico ou até mesmo o contacto com alguns amigos, desde que o uso de máscara e a distância de segurança sejam respeitados.
O QUE SE PREVÊ PARA O FUTURO?
Apesar do futuro ser uma incógnita, é impossível não pensar no que teremos de enfrentar daqui para a frente. Quando questionados em relação ao futuro, muitos dos alunos demonstram sentir receio e desejo que tudo termine o mais rápido possível. Anseiam a liberdade e que os restantes comecem a prestar atenção ao que antes não era valorizado. Mostram-se também otimistas ao dizer que “Tudo voltará ao normal apesar de ser necessária uma adaptação constante.”
“Talvez toda esta pandemia tenha servido para valorizarmos verdadeiramente as pessoas que nos rodeiam, talvez possa ter ajudado a resgatar hábitos e gostos antigos que já nem nos lembrávamos de fazer.” – Psicóloga Mariana Ribeiro
É normal que esta nova realidade traga consequências negativas também para os estudantes, mas é fundamental que se mantenham focados e emocionalmente equilibrados, para que tudo seja mais fácil.
Com o fim do semestre as férias de verão aproximam-se, agora “mais confinadas por exemplo em casa ou na natureza onde não existam grandes aglomerados de pessoas”, regista um aluno. Apesar de já estarmos numa fase de desconfinamento, é essencial manter as práticas que foram transmitidas pela DGS e pelo Governo português para que as rotinas antigas possam voltar a ser feitas.
Créditos fotografia de capa: This work by Andrea Piacquadio, Pexels is licensed under Pexels License
Conteúdo produzido por Ana Carolina Gonçalves, Ana Filipa Sofio, Diana da Mata, Laura Ribeiro e Nádia Ramos, no âmbito da disciplina de Comunicação Digital, da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.