Calisthenics (calistenia, em português) é algo do qual provalemente nunca ouviu falar. O conceito não é novo, mas a tendência é, e já chegou à capital portuguesa. Um ginásio em Campolide que pretende mudar como se faz exercício, com um novo foco no útil em vez do estético, no prático e no funcional. Estivemos à conversa com um dos donos do Raw LX, Amin Taoufiq, para descobrir o que torna este ginásio especial.
Qual o significado de Calisthenics (ou Calistenia)?
Calisthenics em inglês ou calistenia em português é uma palavra que deriva do grego. Kallos é beleza e Sthenos é força. Basicamente é um treino físico funcional que tem por base o peso do corpo. Ou seja, não se levanta pesos externos, mas sim o próprio corpo em luta contra a gravidade, como por exemplo em elevações, flexões, etc.
Como surgiu a ideia de criar não só um ginásio mas, principalmente, um ginásio com este conceito específico?
Qualquer pessoa que treina há já bastante tempo tem, em princípio, o sonho de criar o seu próprio ginásio. Ao lado do Parque Eduardo VII foram instaladas umas barras, talvez em Maio de 2017. Nós começámos a treinar lá nessa altura e, em Setembro, eu, o Pedro Roquette, o Francisco Fragoso, e o Luís Ramos decidimos, entre amigos, abrir um ginásio. Soubemos que em dezembro o Rato, mestre do Clube de Campolide de Muay Thai (ao lado da Valenciana), se foi embora. Então ligámos para lá e conseguimos ficar com o espaço para abrir o primeiro ginásio de Calisthenics de Portugal.
Quais foram para vocês os desafios, ou o contrário, que enfrentaram na criação do RAW Lx?
Facilidades eu diria estarmos a trabalhar por gosto, logo aí a motivação e empenho é completamente diferente, precisamente por ser algo que nós adoramos, aumenta automaticamente a dedicação face ao projecto. Dificuldades, sem dúvida, sermos jovens, tendo em conta que temos todos 21-22 anos, a experiência profissional não é muita, para além de estarmos a abrir um negócio, é ainda um negócio pioneiro. Porque apesar de existirem muitos ginásios, este é totalmente diferente por ser de Calisthenics, tivemos que saber gerir isso, e o dinheiro que gastámos nos investimentos…
Com as dificuldades acabámos por aprender imenso, fizemos erros e aprendemos com esses erros, perdemos dinheiro, faz parte de qualquer negócio. É um investimento a longo prazo, também é importante mantermos-mos motivados sobretudo quando as coisas não estão a correr bem, isso é sem dúvida alguma uma dificuldade.
Outra seria pelo facto de ser um negócio dependente de pessoas, pois sem clientes não vai a lado nenhum. Não esquecer que este ginásio pertence a três outras pessoas para além de mim, há sempre umas ideias ou opiniões que colidem e é preciso sabermos conciliar entre nós da melhor forma essas problemáticas e tentar ser sempre construtivos.
Como organizam os treinos e que tipo de exercícios praticam?
Calisthenics baseia-se sobretudo em skill ou seja habilidades. Não é, por exemplo, como no ginásio tradicional, levantar o máximo de peso de agachamento e onde a única coisa que tens de fazer é aumentar o peso da barra – o peso externo. Aqui tentas alcançar uma determinada habilidade, muscle-up, que significa levantar-se por cima da barra com uma elevação e um fundo, pino, flexão em pino, exercícios mais avançados como a elevação só com um braço, front lever, back lever, todo este vocabulário são habilidades que derivam também um pouco da ginástica artística.
Treinamos portanto para atingir determinado objectivo, cada um tem o seu, e esse objectivo vai ser uma habilidade. O treino é de duas horas, 15 minutos de aquecimento, 15 de alongamento. Ficamos então com 1h30 de treino bruto, que se divide em dois blocos de 45 min. No primeiro bloco treinamos sobretudo a técnica para a habilidade, por exemplo no pino seria flexibilidade, agilidade, equilíbrio. Não te vais desgastar, mas sim aprender a técnica. No segundo bloco, aí sim, caso queiras aprender muscle-ups vais ter de fazer muitas elevações e muitos fundos pois é exactamente isso que constitui esta habilidade. Estamos abertos todos os dias e cada dia treina-se uma skill (habilidade) diferente, ou seja para quem la vai 5 vezes por semana não vai estar sempre a treinar o mesmo de todo, a variedade é um factor importante.
Como se distingue este ginásio de tantos outros?
No nosso ginásio não há nenhuma máquina. E baseia-se sobretudo no peso do próprio corpo. Os instrumentos que temos são argolas de ginástica, barras de elevações, barras paralelas, umas maiores e outras mais pequenas para pinos, muitos elásticos que ajudam na progressão. O objectivo não é, ao contrário do que se possa pensar, ficar “gigante”, mas sim adquirir habilidades, o corpo consequentemente acompanha e pode de facto ficar maior mas não é esse o objectivo.
Que projeções têm para o futuro?
Como somos os pioneiros nunca podemos ficar para trás. É fundamental não estagnar. Esperemos que este ginásio corra muito bem, tentar alargar o horário que de momento é das 18h às 20h e, também, projectar-nos nas redes sociais. Porque hoje-em-dia é assim que se chega às pessoas, é preciso que as pessoas nos conheçam e sobretudo garantir que os nossos alunos tenham um progresso incrível pois, essa sim, é a melhor publicidade de todas: resultados. Uma projecção mais irrealista mas quem sabe um dia será possível, franchising. Vários ginásios RAW Lx em Portugal.
Morada:
Rua Marquês de Fronteira nº163, 1º andar, Campolide, Lisboa, Portugal 1070-294
Hórario:
Aberto de Segunda a Domingo das 18h às 20h.
Preço:
Livre trânsito com acompanhamento de treino – 30€ por mês
(Outros pacotes disponíveis.)
Contacto:
Conteúdo produzido por: Mafalda Pinto, João Marques, Guilherme Gonçalves e Francisco Monteiro, no âmbito da UC de Comunicação Digital da licenciatura de Comunicação Social e Cultural.