O desporto universitário está a ajudar estudantes da Universidade Católica Portuguesa a lidarem com os desafios da vida académica atual, no campus de Lisboa, ao oferecer uma rotina ativa que melhora o foco, reduz o stress e promove a interação social, tornando-se essencial para a saúde mental e o equilíbrio entre corpo e mente.
No contexto universitário atual, cada vez mais marcado pelas exigências e elevado ritmo académico, integrar o desporto na rotina revelou-se um poderoso aliado para muitos alunos.Na mais recente investigação acerca deste tema, notou-se uma associação clara entre atividade física regular e bem-estar mental, rendimento cognitivo e melhor desempenho académico, especialmente entre estudantes do ensino superior.
Para o estudante da Universidade Católica Portuguesa, Tomás Silva , atleta da equipa de futsal da universidade católica, afirma que o desporto mais que um hobby, é um espaço de alívio e socialização. “Quando entro em campo, deixo tudo para trás. Ali não há trabalhos, nem exames, nem pressão”, diz Miguel, descrevendo o futebol como “o meu escape”.
Atividade física: combustível para mente e corpo
Estudos mostram que participar regularmente em práticas físicas melhora não apenas a forma física, mas também saúde mental. Numa amostra de 847 estudantes universitários, investigadores verificaram que quanto maior o nível de atividade física, melhor a saúde mental reportada. Constatou-se que a prática regular de atividade física favorece a qualidade do sono, diminui os níveis de ansiedade e fortalece a autoconfiança dos estudantes.
Além disso, a atividade física — especialmente aeróbica ou combinada com treino de resistência — está associada à produção de neurotransmissores e fatores neurotróficos (como BDNF), que regulam o humor, reduzem stress e melhoram a capacidade cognitiva.
“Se eu não tivesse horas marcadas para treinar, era um caos. O desporto disciplina-me e obriga-me a gerir bem o tempo”, afirma Tomás, ressaltando como a rotina de treinos cria estrutura numa vida académica muitas vezes instável.
Desporto e rendimento académico — corpo saudável, mente produtiva
A prática regular de desporto não beneficia só a saúde mental: há evidências de que favorece aspetos cognitivos essenciais para o estudo, como memória, atenção e capacidade de resolução de problemas. Em vários estudos feitos com estudantes universitários, os que mantêm compromisso com atividade física demonstram melhor desempenho nas avaliações e maior resistência ao stress académico.
Tomás confirma essa realidade: “Nos dias em que treino, sinto-me mais produtivo. A cabeça funciona melhor. E isso reflete-se nas notas.” Para o jovem, o desporto não só permite manter o equilíbrio emocional, mas também ajuda a enfrentar a carga de trabalho, com maior clareza e energia.

Comunidade, apoio e integração social
Outro benefício menos visível, mas igualmente importante, é a dimensão social do desporto universitário. Através da equipa, os estudantes criam laços que funcionam como apoio emocional e lhes dão um sentimento de inclusão, essencial para enfrentar a pressão dos estudos e a distância de casa.
Tomás refere que, especialmente para quem vem de mais longe como ele o balneário é uma “segunda família”: “Há colegas da Faculdade de Economia, da Comunicação, de outras nacionalidades , mas ali dentro somos iguais. “
Este convívio contribui para um ambiente emocional mais positivo e incentiva o aluno a não desistir quando o semestre aperta.

Limitações e desafios da dupla jornada
Mas este equilíbrio entre treino e estudo nem sempre é fácil. Muitos estudantes-atletas relatam cansaço físico e mental, falta de tempo para descanso e convívio, e dificuldades em conciliar treinos com exames ou prazos académicos.
Tomás reconhece: “Já houve semanas em que cheguei do treino e só pensei em dormir. Ainda assim tinha de estudar. Não é fácil manter tudo a 100%.” O esforço contínuo exige organização, resiliência e, acima de tudo, sacrifício.
A literatura aponta que o impacto positivo da atividade física na saúde mental e no desempenho depende da consistência da prática, da intensidade e da periodicidade. Ou seja: treinar de forma esporádica dificilmente produz os mesmos benefícios de uma rotina sustentada ao longo do semestre.
Caminhar para o bem-estar integral
Para grande parte dos alunos, o desporto universitário torna-se uma estratégia indispensável para preservar a saúde mental e continuar a ter sucesso nos estudos.
A conjugação entre treino, comunidade e estudo mostra-se uma fórmula eficaz para enfrentar as exigências da universidade.
“Não sei se chegava tão longe sem o futebol”, confessa Tomás. E essa afirmação carrega o peso de milhares de jovens que procuram, no desporto equilíbrio, foco, apoio e saúde.
Num contexto em que a saúde mental juvenil está cada vez mais em risco, dar voz a esta realidade não é apenas importante. É urgente.
Artigo realizado por: Luís Ramalho
Fontes consultadas:
Se gostou deste artigo:
Saúde mental dos jovens: o papel da pressão escolar
Burnout académico e profissional: como saber se estamos a ultrapassar os nossos limites?