Representar e conhecer o papel da figura feminina no cinema através das recomendações cineastas da Professora Adriana Martins
“Elementos Secretos”, de Theodore Melfi, retrata a história verídica de uma equipa de matemáticas afro-americanas que tiverem um papel crucial no programa espacial dos Estados Unidos da América. © “Hidden Figures” (2016) 
“A paixão de Joana D’Arc”, um filme mudo francês baseado nos documentos e história do julgamento de “Joan of Arc”. © “The passion of Joan of Arc” (1928) 
“A cor Púrpura”, adaptação do livro de Alice Walker, por Steven Spielberg, acompanha uma adolescente Afro-Americana, no início de 1900’s, com duas crianças, resultado do abuso do seu pai, que os expulsa de casa e a obriga a casar. © “The color Purple” (1985) 
“O Piano”, foca-se na história de uma mulher escocesa muda, que, obrigada pelo pai a casar com um desconhecido, viaja até à Nova Zelândia com a sua filha. © “O Piano” (1993) 
“As Sufragistas”, é um drama histórico que representa as mulheres sufragistas do Reino Unido, no início do século XX. © “Suffragette” (2015) 
SHIRIN, um filme Iraniano de Abbas Kiarostami, que retrata a reação de atrizes iranianas e francesas a visionarem um filme que retrata temas de sacrifício feminino. © “Shirin” (2008) 
A Costa dos murmúrios, uma adaptação do livro de Lídia Jorge, por Margarida Cardoso, que retrata a violência e mudanças da guerra em Moçambique pelo olhar de uma jovem portuguesa. © “A Costa dos Murmúrios” (2004) 
Brandos Costumes, é uma reflexão política e sociológica sobre o Portugal do Estado Novo, intercalando com a história de ficção de uma típica família burguesa. © “Brandos Costumes” (1975) 
Yvone Kane, dirigido por Margarida Cardoso, mostra um retrato da sociedade moçambicana contemporânea. Adotando o ponto de vista de mulheres brancas ligadas ao Partido Socialista. © “Yvone Kane” (2014) 
Ama-San, um documentário de Cláudia Varejão que acompanha o quotidiano de três japonesas que arriscam a vida a mergulhar em apneia nos mares do Japão, á procura de ostras, algas e outros tesouros. © “Ama-San” (2018)
Cada vez mais realizadores e produtores têm um maior foco na escrita de personagens femininas. Como nos diz Adriana Martins, coordenadora e professora da área de Estudos Culturais na Universidade Católica Portuguesa:
“As questões de género são questões fundamentais e o domínio cultural nas suas várias vertentes sempre foi uma arena privilegiada de discussão dessas questões, pelo que é expectável que mais atenção seja prestada à visibilidade concedida às personagens femininas e aos seus papéis”.
Passou a ser imperativo que haja, não apenas uma representação da figura feminina no cinema, mas uma representação de qualidade. Logo, é importante que o movimento feminista se paute também na área do cinema, tornando a figura feminina livre de estereótipos sociais e restringida a papéis normativos.
Sendo o cinema uma arte de representação de uma realidade é crucial que haja lugar no cinema para as representações femininas; haja lugar para o olhar feminino de eventos históricos; lugar para a representação de lutas e quotidianos femininos; e acima de tudo, espaço na indústria para que as mulheres consigam produzir e criar as suas realidades. Este espaço tem tido cada vez mais desenvolvimento, como nos diz a Professora Adriana Martins:
“há que levar em conta o protagonismo crescente de mulheres realizadoras e produtoras num meio que sempre foi muito masculino.”
Tal como noutras áreas, como a literatura, há que “dar voz” aos pensamentos femininos e à representação da figura feminina.
Assim, não só há uma maior representação feminina no cinema, como é de mais veracidade, autenticidade e qualidade. É crucial que as artes se estendam para os movimentos e problemas atuais, e a representação da mulher continua a ser fulcral. Se o cinema é inclusivo e permite que nos identificamos com as personagens em filmes, tal só é possível se as personagens femininas não forem sistematicamente espelhos dos estereótipos das épocas. Logo, torna-se imperativo que estes movimentos ganhem destaque no meio académico, seja através de palestras ou pela criação de núcleos académicos.
Créditos da imagem de capa: “cinema” de Nicole Davison, Flickr está licenciado sob Domínio Público
Conteúdo produzido por Maria Marques Carreira, no âmbito da disciplina Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.