Feminismo é um tema bastante pertinente na sociedade contemporânea e a iniciativa HeForShe, no âmbito da luta pela igualdade de género, tem sido instituída em diversos países, incluindo Portugal. Conhece como a comunidade académica da Universidade Católica Portuguesa envolveu-se neste movimento.
Essência da HeforShe
O movimento HeforShe é uma campanha de solidariedade criado pela ONU Mulheres em 2014, com o objetivo de envolver toda a sociedade, todos os géneros, encorajando desde os mais jovens aos mais velhos, no debate sobre o alcance da igualdade de género.
Este movimento internacional, materializou-se em Portugal em 2017, através da Carolina Pereira, fundadora de My Destiny- uma organização sem fins lucrativos com foco na sustentabilidade. Com a preocupação do desenvolvimento sustentável, este projeto chamou a atenção das Nações Unidas, que propuseram instituir o movimento em Portugal.
HeforShe na UCP
Para o melhor entendimento da integração deste movimento na comunidade académica da Universidade Católica, foi realizada uma entrevista a um dos membros representantes da organização HeforShe UCP, estudante de Comunicação Social Matilde Barata.
Matilde explicitou o que inspirou a comunidade académica da UCP a aderir ao movimento.
“A Carolina trouxe a causa para Portugal porque considerava que tínhamos um país ainda muito conservador e o machismo estava ainda muito enraizado nos nossos padrões comportamentais.“
Matilde Barata- núcleo HeForShe UCP
O HeForShe surgiu na Católica em Abril de 2020, fundado por um grupo de alunos de Direito, que expuseram o projeto nas redes sociais, abriram candidaturas e assim formaram um núcleo com alunos de vários cursos integrados na UCP.
Consequentemente Matilde tomou conhecimento do projeto pelas redes sociais e expressou o que a motivou, como jovem mulher, a juntar-se ao núcleo.
“Eu decidi candidatar-me porque acredito que a igualdade de género para ser atingida na sua plenitude necessita de uma luta que infelizmente está longe de terminar. Tenho um grande interesse nestas questões e, para além disso considero-me uma estudante informada e como mulher que poderá estar exposta a sofrer algum tipo de machismo pretendo envolver-me no combate a estes problemas para que não me afete nem a mim, nem a outras mulheres.”
Matilde Barata- núcleo HeForShe UCP
Mulher para a comunidade académica
A perspetiva da mulher na sociedade atual, pelo olhar da HeForShe UCP, expõe que as mulheres devem estar incluídas em todos os domínios da sociedade, com a ideia de instaurar um novo paradigma e construir uma nova realidade social.
A instauração deste movimento na UCP, detém como principal objetivo consciencializar a comunidade académica da Universidade Católica. Para alcançar tal meta, o núcleo tomou uma série de ações ao longo deste mandato, que acreditam ter ajudado a concretizá-la. Quanto aos objetivos futuros, Matilde expressou como pretendem agir enquanto representantes deste movimento para a comunidade da UCP de forma a propagar a mensagem da luta pela igualdade de género.
“No futuro pretendemos que toda a comunidade académica tenha uma visão idêntica à nossa e que queira atingir um futuro benéfico para ambos os sexos, tal como nós queremos.”
Matilde Barata- núcleo HeForShe UCP
Mudança no paradigma social
A HeforShe UCP, enquanto organização impulsionadora do combate à desigualdade de género em Portugal, acredita que a nível nacional reunimos todas as condições necessárias para atingir esta meta.
Como Matilde expressa, em nome da HeforShe UCP, devido a fatores como o machismo e conservadorismo que aparentam bastante integrados na sociedade portuguesa, o papel da mulher ainda é certamente desvalorizado. Não obstante, o núcleo acredita que o caminho para atingir a igualdade de direitos e oportunidades para ambos os sexos está a ser percorrido e estão convictos que, apesar da ser um luta levada passo a passo está a ser encorajada uma mudança social.
“É necessário mudar este paradigma e introduzir a mudança. E nós devemos encorajar os jovens e os universitários a tomar medidas que possam combater este problema. Ou seja, nós não podemos ser coniventes com situações de machismo ou sexismo. Nós temos de denunciar essas situações, pois se não o fizermos estamos a ser coniventes e, pior que isso, estamos a contribuir para um país retrógrado.”
Matilde Barata- núcleo HeForShe UCP
Feminismo em Portugal e na Europa
Para refletir no posicionamento do feminismo em Portugal, deve-se perceber qual a posição de outros países envolvidos neste movimento. Neste sentido, a HeforShe UCP desenvolveu um projeto de investigação durante o mandato de 2020/21, como o propósito de comparar a posição de Portugal no ranking europeu ao lado da Suécia, que ocupa o primeiro lugar. O objetivo principal passava por encontrar as diferenças entre os dois países para entender o que está em falta a Portugal para chegar à posição ideal da Suécia.
Neste âmbito, Matilde apresentou os resultados deste projeto:
“Verificámos que na Suécia há mais apoio a nível de questões relacionadas com a educação. A rede escolar é muito melhor, o que permite às famílias deixarem os filhos mais tempo na escola e dedicarem-se mais às questões laborais.“
“Portugal tem o grande problema do conservadorismo e do machismo, fortemente enraizados, e nós constatámos que em Portugal o assédio começa quando as raparigas têm cerca de 12 a 13 anos. Isto na Suécia é uma realidade que não acontece devido a uma abertura de mentalidades.”
Matilde Barata- núcleo HeForShe UCP
Assim sendo, são percetíveis as diferenças entre Portugal e países com um posicionamento exemplar na luta pela igualdade de género, o que significa que há em vista a possibilidade de um futuro igual para ambos os sexos. Iniciativas como a HeforShe UCP e outras universidades portuguesas demonstram a vontade nacional de uma mudança nesta ordem social e o incentivo de envolver a comunidade académica e jovens neste movimento apontam para uma meta capaz de ser atingida para que um dia tais organizações não necessitem de existir.
Conteúdo produzido por Mariana de Oliveira, Mariana Monteiro, Luísa Nunes, Constança Pacheco, Constança Quintas, Maria Monteiro, no âmbito da disciplina Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.