She Codes: a presença feminina na programação

Mulheres e programação. Criado por um jovem empreendedor francês, prodígio da programação, a She Codes é uma escola de código que ambiciona colocar 100 mil mulheres em empresas de tecnologia de modo a combater a desigualdade de género no setor. Descubra mais sobre esta iniciativa aqui.


Computador portátil em cima de uma mesa com o website da SheCodes aberto e plantas no background.
A SheCodes é uma empresa com uma missão social que ambiciona combater a igualdade de género. Imagem do arquivo © SheCodes.

A percentagem de homens no setor tech ultrapassa em mais de 3 vezes o número colegas do sexo feminino. Como aponta o relatório da Comissão Europeia (2018), esta é uma das consequência mais óbvias da desigualdade de género na área de código e programação. Somam-se ainda disparidades salariais, obstáculos à subida na hierarquia organizacional e ambientes de trabalho sexistas. 

Após ter absorvido o espírito disruptivo de Sillicon Valley, Matt Delac – um entusiasta das novas tecnologias e prodígio da programação – decidiu pôr em prática um projeto dedicado a combater o que o jovem francês diagnosticou como um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento do setor tech: a desigualdade de género.

Matt sabia que muitas mulheres estavam interessadas em ingressar na área, mas que o ambiente predominantemente masculino quer das universidades, quer do mercado de trabalho as impedia de sonhar mais alto. Decidiu pôr as mãos à massa e fundou a She Codes, uma empresa com uma missão social, que ambiciona colocar 100 mil mulheres em empresas de tecnologia enquanto combate estigmas e preconceitos.

Três anos depois e com mais de 25 mil alunas inscritas na escola de código, a She Codes encontra-se um passo mais perto do seu objetivo. Do diverso cardápio de pequenos workshops a formações mais extensivas (agora num formato 100% online), existem cursos para todos os gostos e carteiras

Desde o SheCodes Basics (99 €) – um workshop online de três semanas “perfeito para quem não pesca nada de Código” e quer aprender os básicos de HTML, CSS e Java Script –;  ao irmão mais velho She Codes Plus (790 €) – um curso de 3 meses idealizado para quem ambiciona tornar-se uma programadora ‘a sério’ e cujo projeto final passa pela criação de um weather wigdet adaptado ao desktop -; à She Codes Plus React (990 €) – uma formação de 4 meses que, como o nome indica, junta a modalidade anterior e ensina ainda a linguagem de programação React.

Grupo de 4 mulheres e um homem a trabalhar em computadores em duas mesas separadas numa estufa com plantas verdes em pequenos vazos de barro.
Antes da pandemia, as alunas da She Codes reuniam-se em pequenos grupos em espaços de co-working espalhados por Lisboa para colaborarem nos seus projetos de código. Imagem do arquivo © SheCodes.

Uma forte rede de network é a grande aposta da She Codes, para além das aprendizagens tradicionais. Com mulheres de várias nacionalidades e áreas profissionais, a She Codes acredita que a coexistência de diferentes know-hows e a entreajuda são dois ingredientes essenciais para uma equipa mais dinâmica e criativa. 

Quem são as alunas da She Codes?

Existem dois grupos de alunas, Daniela, um membro da organização, explica-nos: “Temos pessoas de qualquer background imaginário – por exemplo turismo, professores, pessoas de humanidades (…). Este é um grande grupo: pessoas que querem mudar de carreira e tornar-se programadoras profissionais. Depois há as que não querem ser programadoras profissionais, mas querem desenvolver essas skills para adicionar àquilo que já têm dentro da própria área”. 

Este é o caso de profissionais de Marketing DigitalDesign e Gestores Multiplataforma, que trabalham lado-a-lado a programadores de front e back-end, e que nem sempre compreendem a linguagem desafiante da programação. 

Segundo Celina Cabral, ex-professora da She Codes em User Experience e User Interface Design e atual fundadora da Grid Space – um estúdio de tecnologia e design – “Mesmo que não se aprofunde muito, [o conhecimento das bases de programação]  traz um peso maior porque passamos a ter um entendimento de como funciona”. 

Celina acrescenta: “Hoje em dia, dou consultoria para outras empresas de tecnologia na parte de Design e Desenvolvimento de Produto e esse conhecimento prévio, mais técnico, permite que eu proponha soluções mais otimizadas porque já conheço o processo. Assim, saltamos uma fase que seria mandar para uma equipa especializada para saber se era possível [realizar o projeto] ou não. Quando sabemos como funciona, o processo torna-se muito mais rápido.”

O conceito da She Codes despertou o seu interesse? Experimente uma das sessões gratuitas de 60 minutos para conhecer o mundo do código.


Direitos de autor da fotografia de capa: Imagem do arquivo © SheCodes.

Conteúdo produzido por Maria Inês Rodrigues, Joana Bettencourt, Margarida Fragata, Margarida Borrego, Sofia Madeira no âmbito da disciplina de Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.