Geração ‘soft skills’

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O debate  Not so soft skills decorreu no passado dia 17 de março, na Futurália, e teve como principal foco a importância destas competências no mundo do trabalho. O mercado pede novas competências, um diploma já não chega, é essencial ser diferente.


Oradores em debate
Os oradores debatiam a importância das soft skills, sob moderação de Maria João Ruela. – Fotografia por Bárbara Raposo

O mundo de trabalho está a mudar a uma velocidade vertiginosa. Os empregos de hoje em dia não serão os mesmos daqui a 10 anos, alguns vão extinguir-se ao mesmo tempo que surgirão novos. Um estudo recente do World Economic Forum (WEF) sugere que 5 milhões de empregos serão perdidos antes de 2020, à medida que a tecnologia substitui a mão de obra humana. E segundo a consultora PwC, estima-se que até 2030, 8-9% da população mundial desenvolva funções que ainda nem existem.

“O mundo está a avançar muito rápido, os jovens vão mudar de emprego 20 vezes na sua vida”

Tim Vieira

Esta geração de jovens que está agora a ingressar ou a acabar o ensino superior, será a primeira a lidar com estas mudanças bruscas. O segredo para a adaptação incide sobre a flexibilidade, resiliência e inteligência emocional– competências consideradas essenciais para 2020 (WEF). As soft skills estão a ganhar espaço num mundo hiper-informativo, em que com apenas uns clicks temos acesso a todo o tipo de aprendizagens. Mas, enquanto que as hard skills podem ser acedidas em qualquer lado, as soft skills estão dentro de nós.
Mas como desenvolver competências que não se aprendem na escola? “Saindo da zona de conforto, enfrentado problemas e resolvendo-os” – defende Tim Vieira, shark e investidor. Para as novas gerações, seguir um percurso de educação convencional – ensino secundário, universidade e mercado de trabalho – deixou de ser suficiente. À medida que a informação é mais acessível do que nunca, a diferenciação de capacidades já não o é.

Estivemos presentes no debate “Not So Soft Skills”, na Futurália – Feira de Educação, onde se reuniram personalidades conhecidas e com relevância para o tema: desde empresários, a psicólogos de recursos humanos de universidades e até viajantes. Tim Vieira afirma que “o mundo está a avançar muito rápido, os jovens vão mudar de emprego 20 vezes na sua vida”, é preciso prepara-los para a mudança e investir numa cultura de flexibilidade e adaptação.

 

Participantes do debate
Da esquerda para a direita: Fernando Mendes, Tim Vieira, Tomás Ambrósio, Mariana Mendonça, Maria João Ruela. – Fotografia por Bárbara Raposo

“As hard skills são importantes mas estão sobrevalorizadas, muito por culpa dos estabelecimentos de ensino – há um claro ‘generation gap’ entre professores e alunos”, defende Fernando Mendes, empresário e responsável de espaços co-work em Lisboa e acrescenta “As escolas e faculdades têm uma responsabilidade acrescida, têm o dever de formar alunos para o futuro, não para o passado”. As soft skills podem ser a porta de entrada para um futuro promissor mas complexo, em que a necessidade de não ser mais um é avassaladora. O WEF delineia as competências necessárias para 2020, entre as quais: resolução de problemas, pensamento crítico, criatividade, inteligência emocional e flexibilidade cognitiva.

Tomás Ambrósio fez um gap year quando acabou o secundário e afirma que aquele ano mudou a sua vida – para melhor. Sente-se mais capaz, mais confiaonte e mais aberto ao mundo. Estar fora da zona de conforto trouxe-lhe novas competências e o que antes parecia ser um “first world problem” já não o é. Esta capacidade de relativização é também sublinhada por Mariana Mendonça, gestora de carreiras no ISCTE, “os alunos estão cheios de dúvidas quanto ao futuro, tudo lhes parece um problema sem solução”.

“As escolas e faculdades têm uma responsabilidade acrescida, têm o dever de formar alunos para o futuro, não para o passado”

Fernando Mendes

O ritmo acelerado dos novos tempos e a constante inovação terão impacto nas próximas gerações. O mercado pede novas competências, um diploma já não chega, é essencial ser diferente, mais consciente, mais humano, mais resiliente. As soft skills impõem-se.


Conteúdo produzido por: Frederica Abreu, Inês Justo, Inês Matos, M. Bárbara Raposo, Mariana Esteves, no âmbito da UC de Comunicação Digital da licenciatura de  Comunicação Social e Cultural.