Moda de Luxo Sustentável

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Mia Luxury Vintage: a marca fundada por Sofia Zagari traz, para o centro de Lisboa, o conceito de luxo sob a forma de moda sustentável.  A empresária conta-nos como surgiu a ideia e o porquê de criar a marca, bem como quais os principais desafios enfrentados.


Plano geral dos acessórios.
Mais do que um sentimento de luxo, um sentimento de sustentabilidade. Fotografia © Mafalda Pereira

Numa época em que o meio ambiente está em foco chega-nos o conceito de moda sustentável e com ele a marca Mia Luxury Vintage. A proprietária do projeto, Sofia Zagari, revela-se uma empreendedora nata ao conceber o seu próprio negócio e com um conceito original: luxo vintage.

Efetivamente, depois de muitos anos a trabalhar na Banca, a empresária encontra-se desempregada. É então que um dia, enquanto olha para a roupa que tem no armário, que sabe que nunca mais vai utilizar, decide, em conjunto com uma amiga, começar a pensar de que modo poderia lucrar com ela. Começam por pesquisar sobre a noção de shopping experience – na qual o cliente dirige-se ao local onde a marca em questão está à venda e tem um contacto mais pessoal com os produtos ali vendidos – e daí surge a ideia de fundar a sua marca: Mia Luxury Vintage.

Enquanto dona e fundadora deste projeto, Sofia Zagari deposita todo o teu amor e cuidado em cada peça que escolhe para ter à venda na sua loja/Website.

“Sou eu que faço a seleção das peças; sou eu que trato, no caso de ser preciso lavar, coser, enfim, qualquer coisa que não esteja perfeita…”  (Sofia Zagari)

Assim, o que começou por ser uma “brincadeira” e uma forma de ganhar algum dinheiro com roupa “velha” acabou por se tornar no negócio de uma vida.

Esta trata-se, pois, de uma marca que tem por base a crença de que é possível utilizarmos produtos de alta qualidade – as célebres marcas de luxo – e, ao mesmo tempo, estarmos “ecologicamente” na moda. Isto posto, Yves Saint LaurentHermes Chanel, são algumas das marcas que poderemos encontrar à venda na sua loja, tudo em segunda mão. 

A empreendedora afirma que um dos critérios mais importantes para decidir quais os produtos que coloca à venda é a autenticidade. Por este motivo, a empresária afirma que o facto de a sua marca apenas vender produtos deste tipo de marcas,  poderá consistir num desafio, pois ao tratar-se de um mercado tão restrito como o de luxo, a quantidade de materiais que lhe chegam às mãos, para esta avaliar e verificar se lhe interessa colocar à venda, são, muitas vezes, falsificações

É um facto que quando se fala em roupa vintage, esta é muitas vezes associada a roupa velha e usada, contudo, hoje em dia, tendo em conta os problemas ambientais que têm vindo a afetar, cada vez mais, o nosso planeta, a nossa sociedade tem vindo a mostrar uma mudança no seu comportamento quando chega à hora da compra.

Vivemos numa era em que podemos afirmar que “somos o que vestimos” e, como tal, verifica-se uma preocupação e um cuidado maior em se optar por dar uma segunda oportunidade a roupas, acessórios e calçado, que já tiveram dono.

Mais do que uma preocupação com estar na moda passa a ser uma preocupação com o ambiente, com o mundo, com a sustentabilidade. De facto, este é um dos temas centrais na nossa sociedade e esta foi outra das razões que levou a empreendedora a fundar a sua marca com uma noção vintage e não de fast-fashion.

Atualmente, a indústria da moda é  uma das principais causas de poluição. Com o aparecimento de marcas de fast-fashion, tais como, ZaraBershkaStradivarius, entre outras, é importante mantermos em mente que:

«Fast Fashion is not free. Somewhere, someone else is paying» Lucy Siegle, escritora e ambientalista (A ‘moda rápida’ não é de graça. Algures, alguém está a pagar por ela).

Close-up das malas de viagem.
Mais do que uma mala, uma história de vida. Fotografia © “image” by Mathieu Lebreton, Flickr is licensed under CC BY-SA 2.5

Assim, roupas outrora consideradas “fora de moda”, voltam depois de décadas no armário. Nos dias que correm, ir ao armário da avó já não é uma expressão depreciativa, mas sim um símbolo de estilo e irreverência. Foi com isto em mente que a fundadora de Mia Luxury Vintage, decidiu conceber o seu negócio, o qual a própria afirma ter sido impulsionado graças a um “boca-a-boca”, no entanto, hoje, já não existem dúvidas sobre a quem recorrer quando se quer colocar à venda peças intemporais e de qualidade que nos estão a ocupar espaço no armário.

Deste modo, a proprietária revela-nos que apesar dos desafios que teve de enfrentar até surgir a Mia Luxury Vintage – tais como as referidas falsificações, toda a idealização do projeto final e de qual o seu público-alvo –, a criação da sua marca foi a realização do sonho de uma vida e um passo que lançou a sua carreira. 


Conteúdo produzido por: Ana Pereira, Carlos Lança, Cláudia Lopes, José Melo e Mafalda Pereira, no âmbito da UC de Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.