Estudar no estrangeiro pode ser uma experiência inigualável, mas também pode ser complicado e até assustador.
A decisão de ir estudar e viver para outro país não deve ser tomada com leveza. Há que ter em mente que se vão encontrar novas tradições e culturas que diferem da nossa, o que faz com que nos tenhamos de adaptar às mesmas. Mas isto não quer dizer que seja uma coisa propriamente má.
Com cada vez mais jovens a formarem-se academicamente, assim também tem crescido a vontade destes de participar no programa de ERASMUS (European Region Action Scheme for the Mobility of University Students) e de Intercâmbio. Com a possibilidade de viverem um ou dois semestres inteiros, são os novos conhecimentos de pessoas e cidades, a vontade de aprender e a diversão que fazem com que cada vez mais jovens portugueses embarquem nesta aventura de uma vida.
Mariana Costa, aluna de Comunicação Social e Cultural. CC por Mariana Costa
Mariana Costa, aluna da Universidade Católica Portuguesa decidiu fazer isso mesmo. No primeiro semestre do ano letivo de 2021/2022 entrou no programa de intercâmbio, onde teve a oportunidade de passar cinco meses nos Estados Unidos da América, em Kent, Ohio.
O que te fez decidir participar no programa de intercâmbio?
Decidi participar no programa de intercâmbio da minha faculdade porque sempre tive o sonho de estudar fora. Para além do mais, na altura, em 2021, Portugal ainda estava com muitas restrições face à pandemia da Covid-19, nomeadamente às viagens, por isso tinha uma grande vontade de ‘sair’ e fazer algo diferente. A escolha do destino deveu-se muito também a essa razão. Os Estados Unidos já estavam a voltar à normalidade, ao contrário de outros países, nomeadamente os europeus.
Antes de ires quais eram os teus principais medos e receios?
Confesso que um dos meus maiores medos antes de ir era que algo não corresse como o esperado e que me impedisse de lá chegar, como o meu visto não ser aceite ou apanhar COVID e não poder viajar. Mas claro que também tinha receio de ficar doente e/ou ter que ir parar ao hospital porque nos EUA não há serviço nacional de saúde e os custos seriam muito elevados. Para além disto, estava também um pouco receosa em relação à violência armada que há por lá. Felizmente correu tudo bem e não passei por nenhuma destas situações.
Como foi a adaptação à vida americana?
A adaptação foi bastante fácil, os americanos são bastante acolhedores e prestáveis, algo que me surpreendeu. No entanto, pessoalmente, foi um pouco difícil adaptar-me a certos hábitos deles. Por exemplo, eles costumam jantar entre as 17h e as 19h, por isso o refeitório fechava sempre às 20h, e eu em Portugal janto sempre às 21h. Também têm o hábito de ter sempre o ar-condicionado ligado, o que fez com que eu estivesse sempre doente.
Mariana com dois amigos portugueses, um americano e um italiano. CC por Mariana Costa
E o regresso a Portugal? Foi difícil voltar à “realidade”?
O regresso a Portugal não foi nada fácil porque vim um pouco contra a minha vontade. Adorei estar lá e foi difícil aceitar que tinha acabado. Especialmente quando regressei a um Portugal novamente confinado, após ter estado num sítio onde se raramente se viam máscaras e se ouvia a palavra COVID. Essa mudança não foi boa e demorei algum tempo a interiorizar de novo a minha rotina. E para além disto, deixar os meus amigos de lá também não foi fácil.
Quais são os teus conselhos para quem está a pensar em participar no programa de intercâmbio ou de ERASMUS?
Os meus conselhos para quem vai fazer intercâmbio, Erasmus ou algo do género é para não ir com muitas expectativas e viver sempre no presente. Nunca vai correr tudo como esperamos, por isso ir sem expectativa de nada é meio caminho andado para não nos desiludirmos. Aconselho também a falarem com muitas pessoas. Ao entrar numa experiência destas, temos que estar mentalizados que vamos todos para o mesmo e por isso a vergonha tem que ficar em Portugal. Podemos não ficar amigos da primeira ou da segunda pessoa com quem falarmos, mas a persistência compensa sempre. Por fim, dizer sempre sim a tudo (dentro do razoável, claro). Todas as experiências são valiosas e acredito que nunca vamos saber se não gostamos de algo se não o vivenciarmos.
É com o testemunho da Mariana Costa e de muitos outros jovens, que dá para perceber o impacto que estas experiências tem na vida dos estudantes. Apesar de muitas vezes as coisas não correrem da forma planeada, o importante é tentar aproveitar ao máximo e acima de tudo divertir.
Artigo realizado por Bernardo Faísca, no âmbito da unidade curricular de Comunicação Digital, leccionada pela professora Carla Ganito.