Impacto das Redes Sociais na saúde mental

As redes sociais têm vindo a controlar dia após dia mais a vida dos jovens do século XXI. Os jovens tornaram-se dependentes dos média, nomeadamente do Instagram, Facebook, Twitter e LinkedIn. Horas e horas são passadas em frente dos ecrãs, a solidão e a ansiedade têm vindo a aumentar de forma alarmante.


Duas mulheres a segurar em telemóveis.
A geração atual vive iludida desde o surgimento das redes sociais. Imagem de Tim Douglas, Pexels está licenciado por Pexels License.

O surgimento das redes sociais veio alterar a forma como nos relacionamos, tornando mais rápido e eficiente as pessoas conectarem-se entre si.  As redes sociais permitem-nos, através da sua agilidade, uma resposta instantânea à distância de um simples click.

Atualmente, as redes sociais estão cada vez mais presentes no dia a dia dos jovens, nomeadamente o Instagram, o Facebook, o Tiktok e o Twitter. A saúde mental e o ambiente de solidão e ilusão têm sido postos em causa, existindo pontos positivos e negativos com o aparecimento destes meios de comunicação e informação.

Pontos positivos e negativos do uso das redes sociais

Dentro dos pontos positivos é de destacar o fácil acesso à informação e a facilidade de comunicação. À distancia de um simples click conseguimos conectarmos a qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.

No entanto, existem mais pontos negativos do que positivos, entre os quais se pode destacar o aumento da falta de socialização real que é trocada pela socialização digital. É essencial ter sempre moderação, não ir para os extremos, ou seja, nem negar a tecnologia nem estar 24h sobre 24h nos ecrãs.

Close up de aplicações de telemóvel.
As redes sociais tomaram o poder sobre o ser humano e tornou-se impossível ganhar independência destas plataformas. “Fotografia De Close Up De ícones De Smartphones” de Pixabay, Pexels está no Domínio Público, CC0

Os jovens mais vulneráveis tendem a usá-las como forma de anular a solidão, estas tornam-se a sua companhia diária. Isto poderá gerar a criação de uma “bolha“, isto é, deixamos de socializar com pessoas reais, assim como ignorar o que se passa no mundo. Contudo, ainda vamos a tempo de sermos desafiados a corrigir a forma como a sociedade está a ser desenvolvida.           

Como usar ? Opinião da psicóloga Ivone Patrão

As opções mais adequadas para uma utilização correta dos ecrãs, desde o controlo das horas de uso diário, à idade mais apropriada para iniciar o hábito dos ecrãs, implica que os adultos devam ter sempre em atenção o uso destes dentro e fora de casa. 

Segundo a psicóloga Ivone Patrão no seminário “As implicações das redes sociais na vida de crianças e jovens” (Webinar DGE), em resposta à pergunta “Acha que as tecnologias podem infantilizar o cérebro?”, a especialista respondeu que concorda com a pergunta em causa assim como acredita que há zonas do cérebro que estão associadas ao prazer que são ativadas quando utilizamos estas aplicações, podendo causar dependência. A psicóloga referiu ainda que os pais frequentemente usam a internet para premiar os filhos por terem realizado as tarefas ou por bom comportamento.  

Para além disso, as redes sociais têm impacto no comportamento dos mais jovens. Ivone Patrão reitera que o mundo digital veio ajudar muito, visto que não se tem de dar uma resposta imediata, havendo tempo para pensar, como também a hipótese de escolher a nossa melhor fotografia, fazendo a distinção do que eu sou e do que eu mostro ser, ou seja, o que eu quero mostrar, moldo para os outros me aceitarem, sendo atualmente a base para ser aceite pela sociedade. É imperativo que os pais estejam sempre atentos, pois o jovem em causa pode estar a viver em sofrimento, visto que não está a mostrar o seu verdadeiro “eu”.

Sou viciada ou dependente como apenas uma jovem ?

Foi realizado um questionário a duas jovens estudantes da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, Ana e Margarida. As respostas aos questionários das jovens foram bastante distintas. A primeira pergunta: “Considera-se viciado nas redes sociais?” teve a mesma resposta para as duas jovens entrevistadas, porém descrita de maneira distinta aquando da maneira que é aplicada. Ana assume ser viciada no mundo das redes sociais.

Três mulheres sentadas a olhar para telemóvel.
As jovens vivem dependentes da aprovação dos outros e deixam para trás o seu verdadeiro “eu”. “Grupo De Mulheres Jovens Navegando No Smartphone Juntas Em Uma Sala Bagunçada” de Andrea Piacquadio, Pexels está licenciado por Pexels License.

“Mal acordo de manhã a primeira coisa que faço é pegar no telemóvel e ver se tenho alguma notificação em alguma das redes sociais que possuo. Não consigo passar mais do que uma hora sem ir ao Instagram. Raramente utilizo as mensagens normais de SMS e para me conectar com pessoas uso habitualmente as mensagens diretas do Instagram.”

Ana

A jovem acredita que é impossível não estar constantemente conectada à internet. “Costumo passar entre 4 a 5 horas por dia nas redes sociais em média. Contudo, em época de exames tento usar no máximo 2 a 3 horas, porém é quase impossível desligar-me deste vicio.”. As palavras de Ana comprovam que a geração atual não consegue viver na ausência das redes sociais e da internet, o que poderá causar inúmeros riscos para a saúde, assim como prejudicar o desempenho académico e causar uma diminuição da autoestima. Pode mesmo levar ao total isolamento social.

A crescente utilização das redes sociais faz com que os jovens estudantes prejudiquem o seu desempenho académico e se distanciem de momentos de convívio social.

“Considero que as redes sociais prejudicam muito o meu desempenho escolar. Há dias que sei que tenho mesmo que estudar, mas não consigo deixar de ter a ânsia de ver o que se passa com o meu núcleo de amigos, as tendências, noticias do momento, tornei-me uma pessoa dependente das redes sociais.”

Ana

Ser ou parecer ?

As pessoas do século XXI, nomeadamente do sexo feminino, sentem frequentemente a necessidade de modificar o seu verdadeiro eu, de modo a agradar os outros. Esta é uma realidade que está presente no dia a dia de qualquer jovem e, segundo Ana, ”faz-nos perder tempo em futilidades e impede-nos de cultivar amizades reais. Para além disso deixei de mostrar o meu verdadeiro “eu” a fim de agradar os meus seguidores.”

Quero regras !

Margarida tem uma opinião oposta à de Ana. Apesar de concordar que hoje em dia se passa um excessivo tempo à frente dos ecrãs, Margarida diz que costuma estabelecer regras para si própria de forma aproveitar o tempo diário que tem para estudar, estar com amigos, fazer exercício e apenas o que lhe resta passa nas redes sociais. Esta acredita também que as redes sociais só prejudicam o desempenho escolar de quem quer ser prejudicado, pois é preciso estabelecer regras e manter o foco no que realmente interessa.

Mulher a olhar para o telemóvel.
O tempo médio diário perdido em redes sociais é cada vez mais alarmante. Imagem de Ketut Subiyanto, Pexels está licenciado por Pexels License.

“Por um lado, prejudicam na medida em que passo tempo nas redes sociais que poderia estar a dedicar-me ao estudo, porém, a cabeça também precisa de descansar, por isso tento ao máximo focar-me nos estudos e depois passar um tempo significativo nas redes sociais.”

Margarida

É cada vez mais importante estar alerta aos perigos da nova era digital de forma a antecipar futuras desilusões e sofrimentos provocados pelo excesso do uso dos ecrãs, nomeadamente das redes sociais que estão presentes no dia a dia de qualquer jovem do século XXI. Este é um trabalho que deve ser desenvolvido pelos pais em conjunto com os jovens, de modo a que estes voltem a recuperar o controlo das suas próprias vidas.


Conteúdo produzido por Carolina Lorena, Catarina Coelho, Inês Nogueira, Joana Bon de Sousa e Sofia Seruya, no âmbito da disciplina Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.