Serviços de entregas: refeições sobre rodas

Serviços de entrega de refeições ao domicílio é um nome demasiado complexo para descrever algo que se revelou tão simples, e procurado, nos últimos anos. Em Lisboa, são cada vez mais os jovens a recorrer a estes serviços e é na primeira pessoa que ficamos a conhecer a sua experiência inicial, as suas principais vantagens e os palpites para o futuro. Como há sempre, no mínimo, dois lados da mesma história, ainda demos voz à empresa noMENU e a um avô com uma palavra a dizer. Sentas-te à mesa connosco ou preferes encomendar?

A app da UberEATS é gratuita e está disponível para IOS e Android.
Em novembro do ano 2017, a UberEATS surgiu pela primeira vez em Lisboa. Mais tarde, em maio de 2018, ficou disponível no Porto. Foto © Carolina Custódio

Tudo pode começar com um serão de estudo na universidade. E se o conhecimento abre o apetite, o cansaço encerra a vontade de sair para comprar alguma coisa para comer. Hoje em dia, isso deixou de representar um problema para os estudantes lisboetas. Nunca antes foi tão fácil encomendar e receber uma refeição onde e quando quiseres. O conceito é simples: basta ter um telemóvel, uma app e, claro, apetite!

Todos os dias surgem empresas de entregas ao domicílio que, rapidamente, se tornam num fenómeno. Como é, por exemplo, o caso da Uber EATS, noMENU e Glovo. De certeza que as conheces ou que, pelo menos, já ouviste falar delas. A sua função nada mais é do que servir as refeições pedidas no local onde o cliente as quer receber. Fácil, não achas?

Os jovens têm procurado muito este tipo de serviço. Quem o diz é Nassrin Majid, responsável pelo Marketing e Publicidade da empresa noMENU: “os millenials têm vindo a crescer exponencialmente, demonstrando cada vez mais recetividade neste serviço de comodidade”. Catarina Figueiredo e Maria Luís, duas estudantes universitárias, não poderiam estar mais de acordo com esta afirmação. Catarina começou a usar a aplicação Uber EATS por ser “uma forma bastante prática de pedir uma refeição”.

Já Maria teve conhecimento da mesma através dos amigos:

“Comecei por vê-los a utilizar estes serviços e depois fiz o mesmo. É muito prático quando não quero interromper o meu estudo para sair da universidade e ir de propósito a um restaurante ou repetir vezes sem conta a comida do bar”. – Maria Luís

Acreditas que até já há quem prefira recorrer à app ao invés de se deslocar? Exemplo disso é Rui Silva, estudante universitário em Lisboa: “eu e os meus amigos encomendamos comida mais vezes, do que vamos ao próprio restaurante. Para nós, é muito mais fácil e confortável assim porque preferimos estar em casa do que num lugar público”, afirma o jovem. Identificas-te? A ideia de ficar no sofá, sem interromper a maratona daquela série com 10 temporadas que tens de concluir em 24 horas, e poderes comer o que te apetecer, sem nunca teres de deixar um episódio a meio, é assim tão tentadora?

“Sabe o que tenho a dizer sobre isso? Modernices!”, declara Joaquim Varão, acompanhado de uma gargalhada divertida. A experiência que advém deste avô com 79 anos permite-lhe olhar para os serviços de entrega ao domicílio, algo de que “nunca tinha ouvido falar”, com sentido de humor:

“Eu gosto da comida feita em casa e também gosto de ir ao restaurante. O resto não me diz nada. Ver o meu almoço a chegar de mota não é para mim”. – Joaquim Varão

Não para Joaquim, mas para muitos dos habitantes da capital a imagem do motoboy já se tornou familiar. A cidade acolheu-os e muitos esperam, com a “barriga a dar horas”, a sua chegada. Aos olhos de Rui, essa característica é uma vantagem: “eu posso não ter tempo para ir comprar uma refeição e essa refeição “vem ter comigo” onde eu estou e às horas que eu precisar”.

Maria aponta, igualmente, a questão da deslocação como um aspeto positivo, justificando que “os jovens estudantes gostam de tudo aquilo que seja prático e fácil”, acrescentando ainda que “os serviços de entrega de comida não podiam estar mais à nossa disposição”. Por seu lado, Joaquim não hesita em demonstrar a sua opinião sobre esta escolha: “os jovens, e eu vejo isso nos meus netos, querem ter tudo à mão sem precisarem de procurar muito. Esses novos negócios são pensados para eles”.

Dado o seu contacto direto com a empresa pioneira no sector da entrega de refeições em Portugal, Nassrin refere que “a grande vantagem” da noMENU, perante o seu cliente, é:

“Disponibilizar diferentes meios tecnológicos para efetuar os seus pedidos. Não esquecendo que a diversidade gastronómica é outra grande vantagem, que vai desde comida vegan, passando por sushi, até à tradicional”. – Nassrin Majid, Marketing e Comunicação na noMENU

E se pensas que são apenas as pessoas que procuram estas empresas, estás a esquecer-te dos restaurantes. A verdade é que a procura deste modelo de negócio tem aumentado. De acordo com as declarações de Nassrin, estes serviços têm-se revelado uma mais valia para a restauração tradicional: “Todos os dias recebemos inúmeras solicitações de restaurantes que pretendem tornar-se parceiros”, explica, “este serviço permite ao parceiro, aumentar consideravelmente o seu volume de vendas, permitindo chegar a diferentes nichos de mercado que de outra forma não alcançariam”.

Ainda te lembras da emoção que era “mandar vir uma pizza”? Atualiza-te. Agora as tuas opções dividem-se noutro tipo de fatias. Ao que parece, esta variedade de oferta, traduz-se ainda numa maior adesão das faixas etárias mais novas: “Nos últimos anos, os conceitos de sushi, seguindo-se do fast food tradicional são as mais procuradas”, salienta Nassrin, “consideramos que os jovens têm um grande potencial de crescimento aliado ao facto dos serviços disponibilizados apresentarem uma diversidade cada vez mais vasta”.


Qual é o futuro de negócios como a noMENU na cidade de Lisboa? Do ponto de vista dos três estudantes universitários entrevistados, há uma tendência para o crescimento. “O número de utilizadores só tende a aumentar”, prevê Catarina, ao que Maria acrescenta: “reparo que há mais pessoas a pedir comida na universidade do que antes. Quase todos os meus amigos já têm uma app destas no telemóvel. Se os preços baixarem um pouco mais, tenho a certeza que esta será a nova moda entre os jovens”. Rui fundamenta a sua opinião com um exemplo que observa de perto: “até os meus pais já instalaram a app. Ainda não estão muito habituados, mas acho que isso é só até perceberem como é muito melhor do que sair de casa”.

Sobre o futuro, e mesmo depois das várias previsões que se fazem, Nassrin Majid conclui: “Este modelo de negócio, foi efetivamente pensado a longo prazo. Se numa fase inicial poderiam existir dúvidas, hoje, num mundo cada vez mais tecnológico e cómodo, deixaram de as existir. Este serviço é o presente e o futuro”.

Quem encara esta mudança com boa disposição é o avô Joaquim: “é normal que apareçam estas novidades. O mundo tem de evoluir. Qualquer dia vejo passar um jantar por cima da cabeça, é um jantar voador”. E termina dizendo: “os velhotes como eu não precisam dessas coisas. Nós gostamos do lado mais tradicional de tudo. Um bom cozido à portuguesa com a família deixa-nos satisfeitos”. Agora mais familiarizado com o tema, Joaquim ainda se faz ouvir: “eu achava que os telemóveis já faziam tudo. Afinal também cozinham. Só lhes falta mesmo limpar a casa!”.

Ficaste com água na boca? Já mandaste vir o jantar ou estás à espera que os teus pais mandem vir contigo?


Créditos do vídeo: Instagram da empresa noMENU

Foto de capa: “Mensajero” by Ariela Muñoz is licensed under CC BY-ND 2.0


Conteúdo produzido por Carolina Custódio, Maria Gomes, Núria Mateus e Sofia Rodrigues, no âmbito da disciplina de Comunicação Digital da licenciatura de Comunicação Social e Cultural.