Desemprego jovem: os desafios dos recém-licenciados têm vindo a aumentar a passo largo num ano em que a pandemia ainda continua a afetar as suas vidas. George Marian, jovem recém-licenciado, e Liliana Brito, jovem sem licenciatura, apresentam-nos as suas visões sobre a precariedade no trabalho, os baixos salários, e as oportunidades que o estrangeiro oferece.
Geralmente, um português entra na universidade com 18 anos, sendo por isso habitual que termine a licenciatura entre os 20 e os 24 anos. Ora, segundo dados da PORDATA, Portugal tem a 4ª maior taxa de desemprego (21,2%) dessa faixa etária entre estados-membro da União Europeia (onde esta taxa é de 15,7%).
É interessante notar que, ao contrário do que se possa pensar, a desigualdade da taxa de desemprego por nível de escolaridade não é grande. Segundo a PORDATA, o desemprego de pessoas apenas com o ensino secundário excede em apenas 1,4% o desemprego dos licenciados, sendo este valor igual à média da União Europeia.
No que toca aos problemas acrescidos pela pandemia do COVID-19, em Portugal, o cenário não é animador. O desemprego jovem no país teve um aumento quatro vezes superior ao da média nacional desde o início da pandemia. De acordo com o Jornal de Notícias (citado pela SIC Notícias), 100.000 jovens perderam o emprego neste período. E para os jovens que estão empregados, a precariedade é uma realidade, uma vez que o salário médio de um trabalhador até 24 anos em Portugal é de 678€.
Jovens com Licenciatura: Desafios e Oportunidades
A Covid-19 agravou a crise financeira e o desemprego nacional, deixando muitos jovens com menos esperança na sua área e mais vontade de emigrar. “Estou há cinco ou seis meses à procura e é tudo a oferecer estágio e ninguém a oferecer trabalho… e a pandemia apenas veio dificultar“, expressa George Marian, recém-licenciado de 22 anos.
“Estou há cinco ou seis meses à procura e é tudo a oferecer estágio e ninguém a oferecer trabalho… e a pandemia apenas veio dificultar” George Marian, jovem recém-licenciado.
“Honestamente, não penso em emigrar, mas conheço muitos que terminaram a licenciatura e saíram do país assim que puderam“ reforça o jovem. Outra questão para os recém-licenciados é a emigração. No questionário que realizámos sobre “as dificuldades e desafios dos recém-licenciados”, percebemos que a grande maioria acredita que a emigração é de facto uma solução viável, tendo em conta o panorama português atual (88,2% dos inquiridos para ser exato).
Pergunta final: será que a pandemia veio piorar e dificultar a vida dos recém-licenciados? As respostas foram mais divididas, mas 70,6% acredita que sim e de facto, as provas estão à vista e existem inúmeros casos de estudantes que reforçam esse argumento. “A pandemia veio acentuar a maioria das dificuldades existentes. Há menos dinheiro e portanto, há mais desemprego e menos oportunidades”, conclui George Marian.
Jovens Sem Licenciatura: Desafios e Oportunidades
A faculdade não é, necessariamente, uma opção para todos os jovens. Liliana Brito, de 20 anos, decidiu que o seu caminho não passava pela faculdade e decidiu começar a trabalhar quando concluiu o 12º ano. Mais tarde, trocou Portugal pela Irlanda do Norte.
‘’Não fui para a faculdade porque tive de ajudar economicamente a minha família’’ destaca a jovem, realçando que, infelizmente, em Portugal nem todos os jovens têm as mesmas oportunidades.
Sobre a procura de emprego, Liliana Brito focou-se em supermercados e fábricas, uma vez que não pediam licenciatura. ‘’Encontrei muitas ofertas de emprego, mas a maioria pedia licenciatura e tive de as descartar’’ realça a emigrante ‘’É mais fácil conseguir emprego com licenciatura do que com o secundário concluído’’.
“É mais fácil conseguir emprego com licenciatura do que com o secundário concluído’’ Liliana Brito, jovem sem licenciatura.
A jovem destaca que trabalhava muitas horas e que recebia pouco e, portanto, decidiu emigrar para a Irlanda do Norte. Neste novo país encontrou vários empregos como empregada de café e de hóteis ‘’Trabalho as mesmas horas que em Portugal e recebo muito mais que me permite ter uma melhor qualidade de vida’’.
Por fim, Liliana Brito afirma que a emigração foi uma boa escolha e que está contente na Irlanda do Norte. Não tenciona tirar, para já, uma licenciatura e vai focar-se no seu trabalho e em ajudar a família para que o seu irmão possa ter a oportunidade de ir para a faculdade.
Todos sabemos que a pandemia é recente, mas as dificuldades dos jovens no mercado de trabalho é uma praga, infelizmente, enraizada na sociedade portuguesa. Os baixos salários, pressão familiar ou a precariedade são dificuldades que os jovens com e sem licenciatura enfrentam diariamente. Em muitos casos estas razões fazem com que os jovens emigrem como a Liliana Brito.
Contudo estes desafios de procurar emprego, estágio ou mestrado podem surgir enquanto os jovens estão na faculdade. Lê o artigo ‘’Vida profissional vs Vida escolar: como conciliá-las?’’ para descobrir como podes ajustar estas questões ou como podes ajudar amigos que estejam a passar por essa fase.
Foto de Capa: “UGA Griffin Campus Fall 2016 Graduation” by UGA CAES/Extension, Flickr is licensed under CC BY-NC 2.0
Conteúdo produzido por Afonso Santos, Ana Catarina Pinheiro, Diogo Reis e José Guerreiro, no âmbito da disciplina de Comunicação Digital da licenciatura em Comunicação Social e Cultural.